Campanha de Carnaval prioriza garotas e jovens gays

06 de fevereiro, 2010

Em debate, a campanha de prevenção ao HIV/Aids lançada pelo Ministério da Saúde no Carnaval de 2010: assista às entrevistas exclusivas concedidas à Agência Patrícia Galvão

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Epidemia de HIV/Aids é jovem, feminina e gay
Psicóloga Vera Paiva (Nepaids/USP) comenta o aumento da epidemia de HIV/Aids entre as garotas e jovens

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Ações de prevenção à Aids revelam-se insuficientes
O médico Alexandre Grangeiro (FMUSP) critica política de prevenção do Ministério da Saúde

 

Camisinha. Com amor, paixão ou só sexo mesmo. Use sempre.

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Este é o slogan da campanha para prevenção ao HIV/Aids que o Ministério da Saúde preparou para o Carnaval 2010 tendo como foco jovens na faixa etária de 16 a 24 anos, em especial garotas e jovens homossexuais.

A campanha é dirigida para quem tem relação estável ou casual. São três vídeos, um para as meninas, um para os jovens gays e o outro (a ser veiculado no período pós-carnaval) de incentivo à realização do teste de HIV. Em ambos a protagonista é uma camisinha falante que alerta os jovens para o uso do preservativo. Uma das vozes é da atriz Luana Piovani, que aderiu à campanha sem cobrar cachê.

Entre jovens, epidemia de Aids é mais feminina e gay

Na faixa etária de 13 a 19 anos, a maior parte dos registros da doença está entre as mulheres. Segundo o Ministério, desde 2008, o número de casos de Aids tem sido maior entre as mulheres jovens: são 8 casos em meninos para cada 10 casos em meninas.

E para os homens dos 13 aos 24 anos, a principal forma de transmissão é a homossexual. Dados de 2007 mostram que entre os jovens do sexo masculino, a transmissão é maior entre homossexuais (39,2%) do que em heterossexuais (22,2%).

Diversos fatores explicam a maior vulnerabilidade dos jovens para a infecção pelo HIV. Segundo Mariângela Simão, diretora do Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, entre as meninas as relações desiguais de gênero e o não reconhecimento de seus direitos, incluindo a legitimidade do exercício da sexualidade, contribuem para que elas não se protejam.

Já no caso dos jovens homossexuais, falar sobre sexo é ainda mais difícil do que para os heterossexuais. “Eles sofrem preconceito na escola e, muitas vezes, na família. Isso faz com que baixem a guarda na hora de se prevenir, o que os deixa mais vulneráveis ao HIV”, explica Mariângela Simão.

Mudando a estratégia

As principais peças da campanha de 2010 são os vídeos, jingles, cartazes e folderes. E este ano o Ministério da Saúde adotou uma estratégia diferente, criando duas mensagens que serão veiculadas antes e depois do carnaval.

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Antes do carnaval – A mensagem é de prevenção. Com o slogan “Camisinha. Com amor, paixão ou só sexo mesmo. Use sempre”, a campanha quer atingir tanto os apaixonados quanto quem quer apenas curtir. São dois vídeos, um direcionado às meninas e o outro, aos jovens gays. Em ambos, o protagonista é uma camisinha falante que alerta os jovens para o uso do preservativo, pedindo para não ser esquecida.

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Depois do carnaval – Para depois do carnaval, a mensagem é sobre o teste de HIV: quem fez sexo sem camisinha, no carnaval ou não, deve fazer o teste. No vídeo, o preservativo também é protagonista e fala a um jovem que não consegue dormir sobre a importância de realizar o exame anti-HIV.

Acesse a matéria do Jornal Nacional – 06/02/10 em pdf

Visite o site da Campanha Carnaval 2010

Mais dados do Ministério da Saúde 

“Entre 2000 e junho de 2009, foram registrados no Brasil 3.713 casos de aids em meninas de 13 a 19 anos (60% do total), contra 2.448 meninos. Na faixa etária seguinte (20 a 24 anos), há 13.083 (50%) casos entre elas e 13.252 entre eles. No grupo com 25 anos e mais, há uma clara inversão – 174.070 (60%) do total (280.557) de casos são entre os homens.

A Pesquisa de Conhecimentos, Atitudes e Práticas da População Brasileira, lançada pelo Ministério da Saúde em 2009, também ajuda a explicar a vulnerabilidade das jovens à infecção pelo HIV. De acordo com o estudo, 64,8% das entrevistadas entre 15 e 24 anos eram sexualmente ativas (haviam tido relações sexuais nos 12 meses anteriores à pesquisa). Dessas apenas 33,6% usaram preservativos em todas as relações casuais, as que apresentam maior risco de infecção.

Nos homens, 69,7% dos entrevistados eram sexualmente ativos. Entre eles, porém, o uso da camisinha é maior: 57,4% afirmaram ter usado em todas as relações com parceiros ou parceiras casuais.

Gays – Na faixa etária de 13 a 19 anos, entre os meninos há mais casos de Aids por transmissão homossexual (39,2%) do que heterossexual (22,2%), no ano de 2007. Essa tendência é diferente do que ocorre quando se observa todos os casos de Aids adquiridos por transmissão entre homens – 27,4% homossexual e 45,1% heterossexual.

Nas escolas – O carro-chefe das ações de prevenção à Aids e outras doenças sexualmente transmissíveis é o programa Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE), uma iniciativa dos ministérios da Saúde e da Educação. Criado em 2003, o SPE tem como objetivo central desenvolver estratégias para redução das vulnerabilidades de adolescentes e jovens. As ações se dão de forma articulada entre escolas e unidades básicas de saúde. Hoje, 50.214 escolas de todo o país participam do programa.

A iniciativa trabalha a inclusão, na educação de jovens das escolas públicas, dos temas saúde reprodutiva e sexual. O SPE reúne ações que envolvem a participação de adolescentes e jovens (de 13 a 24 anos), professores, diretores de escolas, pais dos alunos, e gestores municipais e estaduais de saúde e educação. É no âmbito deste programa que se disponibiliza preservativos nas escolas.”

Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais
Tel.:               (61) 9221-2546        / 3306 7051 / 7033 / 7010 / 7016
www.aids.gov.br[email protected]
Atendimento ao cidadão: 0800 61 1997 e               (61) 3315-2425       

Indicação de fontes

Alexandre Grangeiro – médico e pesquisador
Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP
São Paulo/SP
Tel.:               (11) 3061-7076        –
[email protected]
Fala sobre: políticas de Aids; segmentos vulneráveis

Regina Barbosa – médica e pesquisadora
Núcleo de Estudos de População da Unicamp
São Paulo/SP
Tel.:               (19) 3521-5907       
[email protected]
Fala sobre: saúde coletiva; políticas de Aids; prevenção, controle, diagnóstico e tratamento da Aids entre mulheres

Mafoane Odara Poli Santos– psicóloga e pesquisadora do Nepaids
Núcleo de Estudos para a Prevenção da Aids (Nepaids) do Instituto de Psicologia da USP
São Paulo/SP
Tel.:               (11) 3061-0620       
Fala sobre: juventude e sexualidade; vulnerabilidade das meninas ao HIV/Aids

Vera Paiva – psicóloga e pesquisadora do Nepaids
Núcleo de Estudos para a Prevenção da Aids (Nepaids) do Instituto de Psicologia da USP
São Paulo/SP
Tel.:               (11) 3091-4184       
Fala sobre: sexualidade; prevenção; atenção psicossocial

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