Um levantamento de dados feito pela demógrafa Jackeline Aparecida Ferreira Romio, em pequisa na Unicamp, identificou três tipos de feminicídio, ou seja, três tipos de mortes de mulheres por questão de gênero: feminicídio doméstico (no espaço da residência); reprodutivo (mortes de mulheres por aborto); e sexual (quando a morte decorre da violência sexual).
(Carta Campinas, 27/10/2017 – acesse no site de origem)
Com a classificação, a pesquisa reconhece a criminalização do aborto e a falta e assistência médica à mulher como uma forma de feminicídio.
A pesquisadora utilizou dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), do Ministério da Saúde, entre 2009 e 2014. Nesse período, metade das mulheres mortas por agressões no Brasil foi assassinada dentro da própria casa.
A pesquisa também descobriu que o maior número de feminicídios domésticos foi encontrado na faixa de 15 a 49 anos, idade reprodutiva e sexualmente mais ativa. De 2009 a 2014 foram mortas 5.598 mulheres nesta faixa etária, do total de 7.707 feminicídios, o que representa mais de 70% de todos os feminicídios domésticos registrados no período estudado.
A pesquisa, que foi divulgada pelo JU da Unicamp, tabulou os dados das Fichas de Notificação/ Investigação de Violência Doméstica, Sexual e/ou outras Violências do SINAN e informações de mais duas bases da saúde: as Declarações de Óbito do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), e as Atas de Internações Hospitalares, do Sistema de Informações Hospitalares (SIH). Todas as bases são geridas pelo Ministério da Saúde.