Plataformas digitais facilitam desinformação sobre aborto, indica estudo

29206287127_3f5603de0a_o

Foto: Mídia Ninja

05 de julho, 2024 Portal Catarinas Por Kelly Ribeiro

Débora Salles, coordenadora de pesquisa do NetLab/UFRJ, fala sobre o impacto desse tipo de campanha, a necessidade de regulação das big-techs e o papel das redes sociais em temas como o aborto.

À medida que o julgamento da descriminalização do aborto, até a 12ª semana de gestação, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), se aproximava, um movimento opositor à discussão se organizava em diferentes plataformas. É o que revela o relatório ‘Temos que dar um basta’: a campanha multiplataforma em 2023 contra a ADPF 442 e o direito ao aborto no Brasil, conduzido pelo Laboratório de Estudos de Internet e Redes Sociais (NetLab) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O estudo detalha como organizações como Brasil Paralelo, Instituto Plínio de Oliveira e Citizen Go, juntamente com perfis ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, lideraram a disseminação de conteúdos antiaborto em redes sociais como WhatsApp, Telegram, Facebook e Instagram.

Em entrevista ao Catarinas, Débora Salles, coordenadora de pesquisa do NetLab, explica o impacto dessas campanhas de desinformação, destacando como o modelo de negócios das plataformas incentiva o engajamento por meio de conteúdos sensacionalistas e polêmicos. A entrevistada aponta para a necessidade urgente de regular as big-techs para garantir a transparência e a qualidade da comunicação digital.

Protocolada em 2017 pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e apoiada pela Anis – Instituto de Bioética, a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, a ADPF 442,propõe a descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação.

O NetLab coletou e analisou publicações sobre a ADPF 442 e o debate sobre direito ao aborto de 1º de agosto a 30 de novembro de 2023, ​em diferentes plataformas digitais​. Também mapeou a produção e circulação de narrativas​ antiaborto​ nesse ecossistema e identificou os principais personagens e casos associados à discussão.​

Foram encontrados 4.200 anúncios que custaram cerca de R$860 mil e alcançaram 61,5 milhões de visualizações. A Brasil Paralelo predominou, sendo responsável por mais de 3.208 anúncios (76%) e investindo até R$688 mil, o que representou 80% dos investimentos totais. Os anúncios da produtora tiveram até 35,6 milhões de impressões, destacando-se no ecossistema digital antiaborto.

“Isso revela que anúncios com desinformação ou ataques à igualdade de gênero podem alcançar um público-alvo específico com pouco investimento e poucas restrições”, afirma Salles.

Acesse a matéria no site de origem.

Nossas Pesquisas de Opinião

Nossas Pesquisas de opinião

Ver todas
Veja mais pesquisas