(Agência Aids, 05/03/2015) Embora as vantagens do uso do preservativo feminino sejam evidentes ainda temos inúmeras dificuldades de torná-lo acessível e é importante aproveitar algumas ocasiões, como o Dia Internacional da Mulher, para refletir sobre as possibilidades de ampliar o acesso a essa tecnologia. A justificativa para as dificuldades de abastecer continuamente os serviços públicos como o insumo é o alto custo. Mas isso não pode impedir que profissionais de saúde e as mulheres tenham informações sobre a existência do mesmo.
É direito de toda mulher conhecer a possibilidade da camisinha feminina e ter a opção de optar por ela quando possível, aumentando , dessa forma, o seu poder de decidir pela prevenção.
Ter poder de decisão é fundamental num cenário em que, por problemas culturais e tantos outros, nem sempre é possível ou fácil negociar o uso do preservativo masculino, o que torna as mulheres mais vulneráveis às DSTs/aids. A disponibilização deste insumo é fundamental, também, para evitar gravidez não planejada. Estudos demonstram que quando existe uma boa adesão e ele é utilizado corretamente, pode conferir uma proteção superior a 95%.
A camisinha feminina tem outras vantagens: é mais eficiente que o preservativo masculino na prevenção de herpes, verrugas e outras DSTs. No caso específico do HPV, causador de câncer de colo de útero, é segura porque recobre a vulva (parte externa da vagina), diminuindo, assim, o contato direto entre os órgãos sexuais do homem e da mulher. Além disso, pode ser colocada até oito horas antes da relação sexual e não precisa ser retirada logo após a ejaculação, ao contrário do que acontece com o preservativo masculino.
A camisinha feminina é confeccionada com material antialérgico, já vem lubrificada e sua espessura fina não prejudica a sensibilidade durante a penetração. Em idosos ou pessoas com dificuldade de ereção também se revela boa alternativa. Durante o período menstrual, também é eficaz ao evitar o contato do homem com o sangue.
Pode ser também uma opção para mulheres cujos parceiros não queiram usar o preservativo masculino. A política de insumos beneficia as mulheres e especialmente mulheres soropositivas e parceiras de homens soropositivos, mulheres usuárias de drogas e parceiras de usuários de drogas injetáveis, mulheres com DST e mulheres profissionais do sexo. Mas todas, sem exceção, podem experimentar.
Ivone de Paula é gerente da Área de Prevenção do Programa Estadual DST/Aids de São Paulo.
Acesse no site de origem: “Preservativo feminino é um direito que precisa ser ampliado”, diz Ivone de Paula (Agência Aids, 05/03/2015)