Cientistas estudaram o impacto da mudança na legislação do aborto nos Estados Unidos sobre as pessoas
Restrições ao aborto afetam a saúde das mulheres. Segundo um estudo publicado recentemente no periódico Jama, viver em um estado que limita o acesso ao aborto piora sintomas de ansiedade e depressão em mulheres em idade fértil.
Cientistas da Universidade Johns Hopkins chegaram a essa conclusão depois de analisar respostas de quase 720 mil pessoas em uma pesquisa realizada nos Estados Unidos entre dezembro de 2021 e janeiro de 2023.
Na base da dados que serviu como matéria-prima para os pesquisadores, os voluntários classificaram seus sintomas de ansiedade e depressão em uma escala de 0 a 4. Assim, os autores do estudo puderam comparar diferentes períodos.
Mudança na lei dos Estados Unidos
Os cientistas estavam interessados em saber se a decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos de revogar o direito ao aborto no país, em junho de 2022, causou impacto na saúde mental de mulheres de 18 a 45 anos, considerada uma janela de fertilidade.
A mudança na jurisprudência não proibiu o procedimento, mas abriu espaço para que cada um dos 50 estados norte-americanos pudessem adotar vetos locais. Treze estados haviam adotado proibições preventivas, elaboradas para entrar em vigor automaticamente caso a Suprema Corte eliminasse o direito constitucional federal ao aborto, como aconteceu.
De junho até o fim de 2022, as moradoras desses treze estados tiveram “um pequeno, mas significativo aumento em sintomas de depressão e ansiedade”, segundo o estudo, do que aquelas dos outros 37 estados do país.
Entre os homens, não houve mudança no padrão dos sintomas.
Opinião editorial
Em um editorial que acompanha a pesquisa, Julia R. Steinberg, professora da Universidade de Maryland, escreve que a discussão sobre a saúde pública relacionada aos efeitos da determinação da Suprema Corte vai “além do número de abortos, de onde e como as pessoas fazem abortos, da mortalidade materna ou mesmo da mortalidade infantil”.