As tristes e signficativas estatísticas das mortes nos partos

31 de maio, 2017

Na segunda-feira pela manhã (29), o plenário da Câmara de Vereadores recebeu especialistas, pesquisadoras e ativistas, além de  familiares de mulheres vitimadas por problemas decorrentes de complicações durante ou após o parto, para a realização de um debate público sobre o tema da “Mortalidade Materna e Violência Obstétrica”.

(Jornal do Brasil, 31/05/2017 – Acesse o site de origem)

O debate, conduzido pela vereadora Marielle Franco(PSOL), presidente da Comissão da Mulher, trouxe ao foco do debate uma série de estatísticas vergonhosas sobre a mortalidade materna no município do Rio de Janeiro.

O vídeo apresentado como provocador do debate, e que antecedeu as exposições, dá conta de que aumentaram de 62 para 72  os casos de mortalidade materna para cada 100 mil nascidos vivos. Que o Rio de Janeiro é a 6ª pior capital para uma mulher engravidar, já que 36% das mortes do Brasil acontecem na cidade.

A Zona Oeste apresenta taxas elevadas e se coloca no topo do ranking dos casos de mortalidade materna. O que chama atenção na exposição feita pela superintendente de Maternidades do SUS e Hospitais Pediátricos, Carla Brasil, é a configuração da população mais afetada quando o recorte é feito por cor, nível de escolaridade (majoritariamente as que não completaram os ensinos fundamental e médio) e raça.

As mulheres jovens, entre 15 e 25 anos, são as que mais morrem, e o mais doloroso é que muitas destas mortes poderiam ser evitadas. Os números são assustadores e dão conta de uma violência silenciosa e altamente naturalizada, que atravessa a vida de famílias pobres e que são usuárias do sistema público de saúde em sua grande maioria.

Os encaminhamentos sugeridos pela vereadora Marielle Franco foram os de criação de um grupo de trabalho para discutir e formular propostas para.atuarem na diminuição destas mortes, enfatizando a sensibilização dos funcionários e visitas às maternidades que aparecem como as que vem apresentando maior índice de mortalidades.

Em uma cidade onde o discurso é de valorização da mãe carioca e que a prioridade é o cuidado com as pessoas, é urgente a adoção de medidas de Impacto, como melhorar a comunicação entre os serviços desde a atenção básica até o último estágio, para que seja de fato integral o atendimento à mulher.

É fundamental dar cada vez mais visibilidade a essa aberração na sociedade, para que deixem de ser naturalizados e banalizadas as mortes de mulheres jovens, pobres e negras.

Colunista, Consultora na ONG Asplande e Membro da Rede de Instituições do Borel

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