Um olhar sobre as mulheres acusadas de crime de aborto

05 de fevereiro, 2018

Quando escolheu qual seria o tema de seu trabalho de conclusão do curso de Comunicação Social, com ênfase em jornalismo, Mariana Ghirello quis ir além da tradicional pergunta: “Você é contra ou a favor à legalização do aborto?”.

(Portal Imprensa, 05/02/2018 – acesse no site de origem)

Ao lado de Jaqueline Palma, Karina Koch, Fabio Oliveira e Fabiola Ietto, colegas de classe na Fapcom (Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação), ela decidiu investigar o que acontece com as mulheres acusadas do crime de aborto e processadas judicialmente.

“Queríamos ampliar o debate mostrando um lado do tema que quase não se fala. Nossa pergunta era: “você é a favor que uma mulher que fez aborto deva ser criminalizada e presa?”, lembra.

Na visão de Mariana, a imprensa ignora o que acontece na justiça com essas mulheres. E se essa mulher já é mãe e tem filhos para cuidar e sustentar, ainda assim, você acha que ela deve ir para a prisão?”

A conclusão do trabalho apontou que as mulheres processadas na maioria das vezes são pobres. “A lei, supostamente, é para todos. Mas na prática, aplicada apenas contra a população mais vulnerável e de classes mais baixas, demonstrando algo que muitas pesquisas já abordavam: a lei serve apenas os pobres, negros e, nesse caso, mães.

Mariana Ghirello (Foto: Arquivo Pessoal)

Para a jornalista, o desafio para a realização do TCC foi encontrar os processos referentes a esse tipo de caso e conseguir o depoimento das acusadas. “Fizemos um bom trabalho de pesquisa. Não é fácil entender a linguagem jurídica, o que pode afastar muitos estudantes desse desafio.  Mas a justiça ainda é pouco explorada pelo jornalismo e necessita desse olhar mais apurado”, conta.

O principal aprendizado após a realização do trabalho, além das questões jurídicas e de saúde, foi entender a situação das mulheres que praticaram um aborto. Segundo Mariana, as acusadas já eram mães, trabalhavam em subempregos, moravam de favor e nenhuma delas tinha graduação.

O trabalho de Mariana e seus colegas ainda foi selecionado para o Congresso Nacional de Comunicação (Intercom), na categoria experimental, e chegou entre os finalistas da premiação nacional. “Nosso TCC sempre foi muito elogiado porque realmente surpreende muito os ouvintes. O mais rico dessa experiência foi poder levar a debate um assunto que afeta a vida das pessoas diretamente, principalmente das mulheres”. De acordo com a jornalista, a oportunidade de abordar esse tema em seu TCC pode dar espaço a uma parte sem voz da população.

Para os futuros colegas de profissão, ela deixa uma dica: “acredito que o estudante deva aproveitar o momento do TCC para exercitar a investigação, livre de julgamentos e focar na pesquisa acadêmica. É interessante começar a pensar no tema do trabalho ano antes e ler bastante sobre o assunto, porque quando chega o momento de executa-lo já existe uma pesquisa prévia e o trabalho fica menos pesado.

Confira aqui o resultado do trabalho de Mariana e seus colegas da Fapcom.

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