(O Globo) Balanço do Ministério do Desenvolvimento Social divulgado nesta quinta-feira mostra que o programa Brasil Sem Miséria, lançado em junho do ano passado, incluiu 687 mil novas famílias no Bolsa Família. Assim, o ministério conseguiu superar a meta de 640 mil famílias atendidas, marca que esperava alcançar apenas em dezembro deste ano. Mas a ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, destacou que o programa inclui outras ações, uma vez que fazer parte do Bolsa Família não significa necessariamente a superação da miséria. Segundo ela, este ano ainda haverá 2 milhões de famílias beneficiárias do Bolsa Família em situação de extrema pobreza, ou seja, com uma renda mensal inferior a R$ 70 por pessoa.
Segundo a ministra, dependendo do perfil da família, o valor do benefício não é suficiente para passar a linha da miséria. O valor médio atual está em R$ 134.
A ministra disse também que não é possível dizer exatamente quantos brasileiros deixarão de ser miseráveis graças às ações do governo.
– O número de quantas famílias nós tiramos da extrema pobreza, fora as ações de renda que nós estamos realizando, somente com dados do IBGE – disse ela, acrescentando que os últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam a existência de 16 milhões de brasileiros miseráveis.
A maior parte dos beneficiados pelo Brasil Sem Miséria – 61% – está em municípios de até 100 mil habitantes. Do total, 14% são famílias pertencentes a públicos específicos, como indígenas, quilombolas, agricultores familiares, assentados, acampados, extrativistas, pescadores artesanais, ribeirinhos, catadores de material reciclável, população de rua.
– Qual a dificuldade de identificar essas famílias? Ao contrário do que se imagina, não são famílias em situação de rua. A dificuldade é elas não terem acesso à informação, portanto não irem atrás do Estado. E muitos municípios, por um conjunto de fatores, não terem se mobilizado para ir atrás dessas famílias – disse a ministra, acrescentando que a meta de o Brasil Sem Miséria alcançar 800 mil famílias em 2013 poderá ser antecipada para 2012.
O programa, coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Social, tem a participação de outros 12 ministérios e de nove órgãos do governo federal. O governo também anunciou que, dentro do programa, foram registradas 123 mil inscrições em cursos de qualificação para população pobre em idade economicamente ativa por meio do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). Entre outros, há cursos nas áreas de construção civil, serviços, hotelaria, comércio, indústrias, bares, restaurantes, cuidados com idosos, entre outros.
Na zona rural, o Brasil Sem Miséria está beneficiando 263 mil famílias de agricultores extremamente pobres. Do total, são 129 mil recebendo assistência técnica, com distribuição de sementes e recursos para adquirir equipamentos. Além disso, 111 mil famílias do semiárido nordestino tiveram cisternas instaladas em suas casas ao londo dos últimos 12 meses, contra uma média anual de 47 mil entre 2003 e 2010. Completa o quadro o Programa Bolsa Verde, que repassa R$ 300 a cada trimestre para que 23 mil famílias extremamente pobres possam desenvolver atividades de conservação ambiental.
Até fevereiro deste ano, 114 mil famílias identificadas como extremamente pobres pelo Brasil Sem Miséria foram atendidas pelo programa Luz para Todos. A meta é atender outras 143 mil famílias rurais sem energia até 2014.
O governo também repassou, desde o começo do programa, recursos para a construção de 2.077 unidades básicas de saúde em localidades com maior concentração de famílias em extrema pobreza.
A divulgação do balanço também contou com a presença dos ministros Alexandre Padilha (Saúde), Pepe Vargas (Desenvolvimento Agrário) e Fernando Bezerra (Integração Nacional), além do secretário-executivo do Ministério da Educação, José Henrique Paim Fernandes.
Leia em PDF: Brasil Sem Miséria inclui 687 mil famílias no Bolsa Família (O Globo -01/06/2012)