(Folha de S.Paulo)“Nada pode ser mais imoral do que ajeitar linha de pobreza extrema especialmente talhada para tornar factível o mito de “erradicação” em poucos anos”, afirma José Eli da Veiga, professor da pós-graduação do Instituto de Relações Internacionais da USP (IRI/USP). Ele critica os indicadores de pobreza adotados pelo governo brasileiro e dá exemplos internacionais de definição de pobreza.
“Para o governo Dilma Rousseff, miséria é só questão de insuficiência de renda. Mas está na pobreza extrema quem não consegue converter sua renda em vida decente, pois nem sequer tem acesso ao esgotamento sanitário.”
“O que diz a história internacional das linhas oficiais de pobreza? Nos EUA, estão em consulta pública os critérios que definirão a “Supplemental Poverty Measure” (SPM). É uma abordagem estrutural da delimitação da pobreza, que será acrescentada à linha restrita à renda monetária, usada há meio século: o triplo do preço da cesta de alimentos que garante a dieta oficialmente recomendada.”
“Na UE, com linha de pobreza antes estabelecida em 60% da renda mediana nacional, algo bem parecido acaba de emergir. Uma perspectiva “multidimensional”, que procura acrescentar nova medida da “pobreza de condições de vida” à velha métrica da “pobreza monetária”. Iniciativa prevista na agenda adotada no ano 2000 pelo Conselho da Europa, mais conhecida por “Estratégia de Lisboa”.”
Saiba mais: Metas antipobreza, por José Eli da Veiga (Folha de S.Paulo – 08/06/2011)