(UOL, 05/11/2015) Em apoio à iniciativa #AgoraÉQueSãoElas, ofereci o espaço do blog a Maria Adelaide Amaral, autora de teatro e de novelas e minisséries, para ela falar da sua experiência a respeito do abuso contra mulheres.
Fui abusada, oprimida, ofendida e espancada ao longo da minha infância por pai, mãe e irmãos por ser desbocada e preferir brincar com meninos. Por que eu não era como as outras meninas?
Se, em Portugal, nos anos 40 a diferença era severamente punida, no Brasil dos anos 50 a repressão social e doméstica se repetiu. Na adolescência, fui alvo do assédio de amigos e clientes do meu pai, que me diziam obscenidades e tentavam me bolinar (muitas vezes conseguiam). E não podia sequer me queixar aos meus pais, porque a culpa naturalmente era minha.
Já era comum nessa época homens se esfregarem nas moças no transporte público. Como era comum o exibicionismo nos cinemas. Subitamente, na cadeira ao lado, um homem “se descompunha”, eufemismo da época para quem exibia publicamente o sexo.
Apesar da revolução feminista, parece que pouca coisa mudou desde então. É só ouvir os relatos das mulheres que se espremem todos os dias nos ônibus, trens ou vagões de metrô para chegar ao trabalho.
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