‘Ideologia de gênero é coisa do capeta’ e ‘leis existem para proteger maiorias’, diz Bolsonaro

10 de agosto, 2019

Em evento evangélico, presidente afirma respeitar ‘até quem não tem religião’, ‘mas a grande maioria do povo brasileiro é cristã’

(O Globo, 10/08/2019 – acesse no site de origem)

O presidente Jair Bolsonaro afirmou neste sábado, durante um evento evangélico, que a “ideologia de gênero” é “coisa do capeta”. Bolsonaro participou daMarcha para Jesus de Brasília e disse que irá respeitar a “inocência das crianças”, e ressaltou esperar que o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), que também estava presente, faça o mesmo.

A Marcha para Jesus foi organizada pelo Conselho de Pastores Evangélicos do Distrito Federal (COPEV/DF). Bolsonaro ressaltou que, por mais que o Estado brasileiro seja laico, ele e a maioria são cristãos.

O presidente afirmou ainda que não tem preconceito com minorias, mas disse que as leis devem proteger as maiorias e não podem ferir seus “princípios”. Bolsonaro já criticou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de equiparar a homofobia ao crime de racismo .

— Não discriminamos ninguém. Não temos preconceito. E deixo bem claro, as leis existem para proteger as maiorias. É a única maneira que temos para viver em harmonia. O que minoria faz, por livre e espontânea vontade, sem prejudicar a maioria, vai ser feliz. Nós não podemos admitir leis que nos tolham, que firam os nossos princípios.

Depois, em outro trecho do discurso, citou uma “queda de braço” com a Justiça para tentar reduzir o número de radares eletrônicos nas rodovias.

— Estou em uma luta para acabar com os pardais, radares eletrônicos. Estou em uma queda de braço com a Justiça, que não me quer deixar acabar com os pardais.

O presidente voltou a referir-se a si mesmo como o personagem de desenho animado Johnny Bravo, um jovem forte e loiro que, ao longo dos episódios, tenta arrumar uma namorada:

— O Estado é laico, mas eu, Johnny Bravo, sou cristão. Aqui nesse pátio nós somos cristãos. Respeitamos todas as religiões e até quem não tenha religião, mas a grande maioria do povo brasileiro é cristã.

Mais tarde, Bolsonaro explicou que a comparação é uma brincadeira:

— Não sou nada parecido com ele, mas por causa da minha franja colocaram esse apelido meu no passado. Era um personagem que tenta namorar as meninas mais bonitas do mundo e não consegue. Não é meu caso, porque tenho a primeira-dama maravilhosa. Uma brincadeira, apenas.

Outra brincadeira, quis esclarecer Bolsonaro, foi a sugestão feita por ele um dia antes de que se deveria comer menos e “fazer cocô dia sim, dia não” para combater a poluição ambiental.

—  A brincadeira que eu fiz ontem aqui de ir ao banheiro dia sim e dia não, levaram pra coisa séria. Então pode fazer brincadeira ou vão continuar massacrando, em especial alguns jornais aí conhecidos?

Bolsonaro comentou também o fato de a diretoria responsável por avaliações da educação básica, como o Enem, estar vaga desde maio , como mostrou a “Folha de S.Paulo” em reportagem publicada neste sábado. A área é considerada uma mais importantes do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais).

— Às vezes é bom uma coisa sem comandante, (melhor) que um péssimo comandante — disse, sendo questionado se é melhor o cargo ficar sem comando: — Não estou dizendo que é melhor assim.

Por Jussara Soares e Daniel Gullino

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