Mobilização, organizada a cada quatro anos, reúne trabalhadoras rurais de todo o país. Neste ano, são esperadas aproximadamente 100 mil mulheres
(Rede Brasil Atual, 19/07/2019 – acesse no site de origem)
Com o lema “Margaridas na luta por um Brasil com soberania popular, democracia, justiça, igualdade e livre de violência”, Brasília vai receber nos dias 13 e 14 de agosto mais uma edição das Marcha das Margaridas. O evento é a maior ação organizada na América Latina por mulheres do campo, da floresta e das águas.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), idealizadora da ação, tem realizado oficinas com as mulheres do campo e organizações parceiras. O evento contará com 10 eixos de diálogo, como soberania alimentar e energética, trabalho, renda e autonomia econômica.
Mazé Moraes, coordenadora da marcha, destacou ainda a luta pela conservação da sócio-biodiversidade e o combate à violência contra a mulher. “Esses são alguns dos temas importantes, ainda mais nesse momento que vivenciamos em que corremos risco de perder os bens comuns, como a nossa água nossa terra”, disse ao repórter Uélson Kalinovski, da TVT.
A marcha reúne, a cada quatro anos, trabalhadoras rurais de todo o país nas ruas da capital federal para denunciar retrocessos e reivindicar direitos. Para a edição 2019, são esperadas aproximadamente 100 mil mulheres. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6/2019, a “reforma” da Previdência, será um dos principais temas levantados durante a marcha.
“A Contag segue mobilizada com as suas estratégias. O debate no Congresso ainda não finalizou, então nossos estados e os municípios seguem fazendo audiências públicas. A análise geral é de que a reforma em tramitação ainda continua muito perversa e prejudicial a toda a classe trabalhadora”, afirmou Edjane Rodrigues, da Secretaria de Políticas Sociais.
Para o presidente da Contag, Aristides Santos, são mobilizações como a marcha que fazem a diferença na luta. Ele citou a manutenção das regras atuais de aposentadoria para trabalhadores do campo como exemplo. “É fruto dessa mobilização que nós conseguimos manter as regras gerais para os trabalhadores rurais. A idade para aposentadoria e o tempo de contribuição ficaram mantidas para os rurais, além de barrarmos outras propostas do governo”, acrescentou.
A Marcha das Margaridas é realizada desde 2000 e acontece sempre em Brasília, no dia 12 de agosto ou em períodos próximos da data, que marca a morte da trabalhadora rural e líder sindicalista Margarida Maria Alves. Ela foi assassinada em 1983 quando lutava pelos direitos dos trabalhadores na Paraíba. A primeira edição, em 2000, reuniu cerca de 20 mil agricultoras, quilombolas, indígenas, pescadoras e extrativistas.
A edição da Marcha das Margaridas deste ano recebeu pela primeira vez financiamento coletivo para “captar recursos complementares”, segundo a (Contag). Para as militantes de São Paulo, doações estão sendo captadas pela plataforma Benfeitoria. A meta é arrecadar um total de 24 mil reais. A cada R$ 20 doados, apoiadores recebem contrapartida, como livros, camisetas e até uma cesta com produtos agroecológicos cultivados por agricultores do Vale do Ribeira (essa exclusivamente para apoiadores de São Paulo).