(O Estado de S. Paulo, 22/03/2016) Estudo aponta que minorias étnicas estão sub-representadas em todas áreas, desde a atuação até em reality shows
“Diversidade” volta a ser a palavra do momento nas conversas em Hollywood. A cerimônia do Oscar se aproxima – será domingo, 18 – em meio a uma polêmica já frequente na indústria do cinema: a tendência de que os artistas indicados sejam todos brancos ameaça turvar o ambiente. Nenhum ator ou atriz de minoria foi indicado pelo segundo ano consecutivo, o que provocou protestos contra a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, entidade que organiza o Oscar.
Darnell Hunt, líder do Centro para Estudos Afro-americanos Ralph J. Bunche da Universidade da Califórnia em Los Angeles, descreve a polêmica como “o mesmo de sempre”.
“Hollywood é uma indústria muito isolada. Está dominada por homens brancos. Sempre foi assim. Tendem a ficar perto das pessoas com as quais sentem-se cômodos”, disse Hunt, um dos autores de um relatório anual sobre a diversidade em Hollywood. “Tendem a parecer a si mesmos: outros homens brancos, com a maioria dos quais já trabalharam antes. E esta prática é traduzida na estrutura da indústria que observamos durante gerações.”
O estudo de Hunt de 2015 apontou que as minorias étnicas, que constituem quase 54% da população americana, estão sub-representadas em todas as frentes, desde os papéis de protagonistas até os postos de diretores, roteiristas e até mesmo entre os participantes de reality shows na TV.
O problema é quase igual entre as mulheres, destaca o informe, que examinou os 200 filmes mais importantes lançados em 2012 e 2013, assim como todos os programas da TV a cabo e televisão aberta exibidos na temporada.
Entre os diretores dos estúdios de cinema, 94% são brancos e 100% homens. Os executivos com os principais cargos são 92% brancos e 83% homens. O padrão se repete na televisão.
Hunt afirma que Hollywood pode, inclusive, estar perdendo oportunidades de negócios, porque um filme com elenco relativamente diversificado arrecadaria mais na bilheteria e o investimento teria um retorno maior. A direção da Academia, que tenta superar as acusações de racismo institucional, anunciou que até 2020 vai dobrar o número de mulheres e indivíduos pertencentes a minorias entre os membros votantes. Atualmente, tais grupos estão representados em 24% e 7%, respectivamente.
Acesse o PDF: Debates sobre o racismo no Oscar voltam a incomodar Hollywood (O Estado de S. Paulo, 22/03/2016)