(Agência Patrícia Galvão)
Rio de Janeiro, 3 de dezembro de 2010
Mesa 1 – A Mídia e as Mulheres no Poder: As diferenças como desigualdades?
Laura Capriglione – jornalista, repórter especial do jornal Folha de S.Paulo
Luiza Bairros – socióloga, secretária da Secretaria de Promoção da Igualdade da Bahia (Sepromi)
Rodrigo Vianna – jornalista da TV Record, autor do blog Escrevinhador e colunista da Caros Amigos
Debatedora: Ana Veloso – jornalista, professora da Unicap/PE e empreendedora social da Ashoka
Coordenadora: Maria Betânia Ávila – socióloga, coordenadora geral do SOS Corpo – Instituto Feminista para a Democracia
Clique aqui para ler a matéria completa sobre a Mesa A Mídia e as Mulheres no Poder: As diferenças como desigualdades? (por Angela Freitas)
Veja a seguir alguns destaques desta mesa:
“Queremos mulheres nos lugares de poder, mas um poder exercido no sentido de mudar a situação das outras mulheres. Somente empoderando outras mulheres se consegue uma definição de poder onde caiba nosso exercício. É preciso encarar as mulheres como setor específico para determinar o rumo da sociedade. De outro modo trata-se apenas de ocupar cargos, o que não é o mesmo que exercer poder.”
“Diante de nossa ausência, ou nossa presença distorcida nos meios de comunicação, é como se nos faltasse capacidade para produzir fatos políticos merecedores de veiculação nos meios. Ou, simploriamente, como se nos faltasse um midiatraining eficiente que nos mostrasse como fazê-lo. Acontece que nossos combates são antisistêmicos. Combatemos o sexismo, o racismo, e dessa condição antisitêmica não podemos achar que vamos ocupar os meios em igualdade de condições com o restante, já que há uma desqualificação permanente das mulheres, das mulheres negras, do que queremos combater.” Luiza Bairros – socióloga
“Na última semana de campanha (Eleições 2010) morreu Nestor Kirchner. Recebemos espantados a cobertura do jornal da TV Globo, com o apresentador perguntando se Cristina iria dar conta de governar sem o marido. Curiosamente, na mesma semana, na onda apócrifa de telemarketing que invadiu as casas dos brasileiros, a pergunta era a mesma: se Dilma ia dar conta sem o Lula. Escrevi sobre isto no meu blog: tenho certeza que não jogam isso à toa. Fazem em cima de resultado de pesquisas qualitativas.”
“Chama atenção o tipo de mentalidade que ainda rege a imprensa. Foi um exemplo de cobertura jornalística casada com campanha eleitoral, mostrando que a batalha é longa, a exemplo das batalhas de longa duração que se travam nas mentalidades, e que são diferentes das batalhas do campo da economia e da política, como analisou Fernand Braudel.” Rodrigo Vianna – jornalista
“Na campanha eleitoral o aborto emergiu como questão de maneira louca, descontrolada, e muitas pessoas ficaram horrorizadas… Vamos ter que ficar atentas, as redes de mulheres, para problematizar cada uma das questões que irão surgir. Eles sabiam que colar Dilma a um perfil de abortista seria importante. Tinham a história da Jandira Feghali no Rio de Janeiro como exemplo. Tinham a memória do vergonhoso caso de Campo Grande (Mato Grosso do Sul), onde um escândalo jurídico aconteceu, com abertura das fichas médicas para quem quisesse devassar. Isso teria merecido do movimento e da imprensa uma reação mil vezes mais indignada do que conseguimos produzir. O que fizemos foi pouco. Ao nos calar abrimos porteira gigantesca para os caras acharem que podiam tudo.” Laura Capriglione – jornalista
“Embora vivendo num pais democrático nossa mídia está concentrada, desregulada, e qualquer tentativa de regular é tida como censura, em detrimento de uma expressão de liberdade coletiva de exercer a comunicação como parte da comunhão entre a sociedade. Mas o momento histórico traz ventos que sopram da America Latina (Cristina Kirchner na Argentina teve coragem de trazer para o debate a regulação dos meios). O Governo Lula é atacado por tentar discutir a questão. Em novembro houve um seminário para discutir a possibilidade de regulação dos meios. Isso, no meio de uma campanha política hipócrita, racista, infame, preconceituosa, teve impacto.”
“Mesmo com os ventos de liberdade e as possibilidades de alargamento da democracia, da expressão pública, do direito humano à comunicação, segundo estudo da WACC as mulheres ainda são apenas 24% das fontes de informação no mundo. Isto é expressão de como o patriarcado ainda é forte na sociedade, assim como o racismo, a homofonia, o sexismo…” Ana Veloso – jornalista
“Os avanços foram grandes, e constroem patamares de avanço de nossas lutas. Mas as estruturas permanecem. Não foram mudadas. Nas eleição de Dilma vimos a força dessas estruturas reveladas na mídia brasileira, e vimos como elas são profundas.”
“O racismo, a dominação de gênero e de classe, se fazem mais visíveis porque os sujeitos explorados vizibilizaram. Mas o grau de sofrimento que essa dominação impõe às pessoas é histórico e não há como comparar o maior ou menor. O sofrimento sempre foi muito profundo, e teve formas extremas como na Escravidão, que foram superadas. (…) Temos que sempre fazer da memória uma forma de luta… Essa questão foi grande conflito na sociedade brasileira quando do resgate da história recente de repressão política no país.” Maria Betânia Ávila – socióloga
Clique aqui para ler a matéria completa sobre a Mesa A Mídia e as Mulheres no Poder: As diferenças como desigualdades? (por Angela Freitas)
[Acesse a cobertura sobre as outras mesas de debate do Seminário A Mulher e a Mídia 7]
Assista ao vídeo de cobertura do Seminário A Mulher e a Mídia 7, realizado pela Secretaria de Políticas para as Mulheres.
Seminário Nacional
Rio de Janeiro, 2 a 4 de dezembro de 2010
A Mídia e as Mulheres no Poder
Realização: Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), Instituto Patrícia Galvão e Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem)