(O Globo) País cai nove posições e agora está em 108º lugar, segundo ONG Dois meses depois da morte do jornalista Rodrigo Neto, assassinado em Ipatinga (MG) após denunciar o envolvimento de policiais com grupos de extermínio da região, relatório da ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF), divulgado ontem, revelou que o Brasil caiu nove posições no ranking da liberdade de imprensa e, agora, está em 108º lugar, numa lista de 179 países. A queda do país na escala acontece em razão do assassinato de cinco jornalistas durante o ano de 2012 e por persistentes problemas que prejudicam o pluralismo da mídia, segundo a ONG. Para marcar o Dia Internacional da Liberdade de Imprensa, a RSF também publicou um lista com 39 “predadores da liberdade de informação”, com chefes de Estado, políticos, líderes religiosos, milícias e organizações criminosas que censuram, prendem, sequestram, torturam e até matam jornalistas. Entre os nomes incluídos na relação, estão o do presidente chinês, Xi Jinping, e o do partido da Irmandade Muçulmana no Egito.
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A Unesco informou ainda que, quase toda semana, registra a morte de mais de um jornalista em decorrência da atividade profissional. Além disso, em média, um entre dez crimes contra jornalistas é levado aos tribunais e punido Dos quatro assassinatos de jornalistas no Brasil este ano, dois ocorreram no Vale do Aço mineiro. Rodrigo foi assassinado no dia 9 de março. Cinco semanas depois, foi a vez do repórter fotográfico Walgney Assis Carvalho, baleado em Coronel Fabriciano, vizinha de Ipatinga. O deputado estadual Durval Ângelo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas, disse que a Polícia Civil do Estado anunciou para semana que vem a solução para o caso de Rodrigo, entregue à Divisão de Homicídios, em Belo Horizonte.
O coordenador de Comunicação e Informação da Unesco no Brasil, Adauto Soares, disse que o Brasil está fazendo um péssimo papel: – Em todo o ano passado, foram cinco mortes, uma morte por mês. E este ano, já foram quatro. Ou seja, uma morte por mês. Isso é alarmante. E devemos observar que nós não somos um país em guerra civil. O jornalista Mauri König, diretor da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), também lamentou a posição brasileira no ranking: – Acredito que isso ocorre por causa do sentimento de impunidade que paira sobre o país. Ou seja, eles matam porque sabem que não vai ter punição. Também tenho notado um aumento no número de matérias investigativas feitas pelos jornais. Isso incomoda. Mauri defendeu a criação um programa específico para proteger os comunicadores ameaçados. Outro ponto, segundo ele, seria a ideia de federalizar os crimes cometidos contra os jornalistas, projeto de lei do deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP).
Acesse em pdf: Brasil entre os piores no ranking da imprensa livre (O Globo – 04/05/2013)
Leia mais em: Brasil cai em ranking da liberdade de imprensa feito por ONG dos EUA (Folha de S.Paulo – 03/05/2013)