(Observatório da Imprensa) Neste artigo, o jornalista e consultor legislativo da Câmara dos Deputados, Cristiano Aguiar Lopes, volta a criticar a forma como a imprensa vem abordando o debate sobre regulamentação da mídia.
“Nestes tempos estranhos em que a credibilidade da mídia está em níveis nunca dantes alcançados – níveis abaixo do abaixo –, existe algo ainda menos confiável do que as matérias que recheiam nossos jornais: seus títulos, cada vez mais delirantes e insensatos. Pois, acreditem, o Valor Econômico, em 14 de janeiro, alcançou um novo patamar de delírio, ao estampar: ‘Governo deve buscar consenso antes de regulamentar mídia, diz Bernardo’ (disponível aqui). Ao ler as degravações das palavras de Bernardo, que vem a ser o ministro das Comunicações, o que encontrei de mais próximo a essa suposta defesa do consenso foi uma breve menção à busca por uma proposta ‘forte e sem divisões’. Ora, caros colegas do Valor Econômico, daí ao consenso há muitas águas a rolar, concordam?”
“A manchete do Valor Econômico não é informação. Não é sequer versão. É torcida para que o governo busque o consenso onde não há consenso, em um processo sem fim que vai terminar onde começou – ou seja, no nada.”
“Não bastasse a infinidade de players, nunca é demais lembrar que não estamos debatendo a regulação do cultivo de berinjelas. Estamos, sim, a discutir o estabelecimento de novas regras para o mercado de ideias, para os canais pelos quais a maior parte da informação política relevante chega aos cidadãos. É um pilar fundamental da democracia – o fluxo de informações – que está prestes a receber uma nova proposta de regulamentação. E esperar que possa existir consenso sobre a regulação do mercado de ideias é, na simplória opinião deste articulista, não apenas despolitizar o debate, mas buscar o impossível. Pensando bem, talvez seja justamente esse o desejo não apenas do Valor Econômico, mas também da maior parte da mídia comercial em relação a uma nova regulamentação para as comunicações: que ela seja consensualmente impossível.”
Acesse o artigo na íntegra: Em busca do consenso onde não há consenso, por Cristiano Aguiar Lopes (Observatório da Imprensa – 25/01/2011)