29/03/2011 – Desvalorização e subjugamento das mulheres na mídia, por Rachel Moreno (OI)

29 de março, 2011

(Obervatório da Imprensa) Rachel Moreno, feminista e membro da Articulação Nacional Mulher e Mídia, escreve sobre a representação da mulher na mídia e o entendimento das mulheres sobre o controle social da mídia. Leia trechos selecionados do artigo publicado no site Observatório da Imprensa:

“Corpos femininos seminus nas capas dos jornais; estímulo explícito à violência e à erotização nos reality shows televisivos; programas de entretenimento brincando de cabra-cega, exigindo o reconhecimento dos participantes pelo tatear de suas bundas. E, finalmente, chega o carnaval, com uma sucessão de peladonas e vestidões, num jogo de mostrar e esconder o corpo durante a festa.”

Nas mãos do capital
“Como educadora informal que é a mídia, com destaque especial para a TV, essa reiteração do modelo, tanto na programação normal quanto na publicidade – antes, durante e depois do carnaval – esse bombardeio diuturno de imagens de beleza e sucesso, com espaços e visibilidade seletivas, é feito para capturar a atenção masculina, inocular um modelo de beleza e de delimitação de espaços e valores para mulheres e crianças – e vender. Tem a função, a médio e longo prazo, na fase de globalização do capitalismo, de colonizar corações e mentes para vender produtos, serviços e valores, distribuindo – de brinde – interpretações favoráveis à manutenção do sistema.”

“Assim, discutir o que a mídia faz com a imagem das mulheres e os interesses a que isto serve representa uma reflexão sobre o que ela faz com todos nós. E busca contribuir para a desconstrução deste mecanismo de controle de uma minoria de detentores destes meios sobre a maioria da população – o aparelho ideológico nas mãos do capital.”

O padrão de beleza imposto
“A pesquisa recente da Fundação Perseu Abramo, em parceria com o Sesc, revela que 80% delas considera que tal exibição, além de desagradar, contribui para uma desvalorização e subjugamento geral da figura feminina. E, diante disso, a grande maioria (74%) se declara favorável a algum tipo de controle (governamental, do próprio mercado ou da sociedade) sobre o conteúdo exibido na programação e na publicidade da mídia.”

“Bombardeadas pelo modelo de beleza inatingível, que as dezenas de produtos e procedimentos à venda não as fazem alcançar, as mulheres se mostram menos satisfeitas com a própria aparência que os homens e se preocupam com o que consideram sobrepeso e barriga, bem como com os seios, como demonstra a pesquisa. Introjetaram o padrão de beleza imposto e a sua insatisfação cresceu nos últimos 10 anos – intervalo durante o qual a exigência da magreza aumentou.”
Mulheres clamam pelo “controle do governo”
“O mais estimulante no resultado desta pesquisa é a explicitação da consciência crítica da significativa maioria das mulheres frente à mídia, mesmo que não se deem ainda efetivamente conta de seu alcance pleno. Dando um passo além, elas clamam por controle sobre o conteúdo da mídia, que vai muito além do decantado ‘controle-remoto-da-TV’. Clamam, prioritariamente, pelo ‘controle do governo’.”

Retomar e avançar a discussão
“A demanda das feministas e da Confecom pelo controle público/social da mídia, em órgãos tripartites (como consagrado em outros fóruns de gestão compartilhada), responde a suas demandas manifestas na pesquisa com que a FPA nos brinda, neste mês da mulher.”

“É preciso ampliar a repercussão desta demanda – tarefa que cabe ao movimento social e à mídia não atrelada. É preciso que as instâncias governamentais lhes deem ouvidos e consequência, mesmo que com isso contrariem os interesses exclusivistas dos segmentos refratários da ‘grande mídia’, retomando e acelerando a discussão sobre o marco regulatório dos meios de comunicação e, particularmente dentro dele, do controle da imagem da mulher (e dos negros, dos movimentos sociais, de todos os demais segmentos discriminados, desrespeitados ou seletivamente invisibilizados). Vamos à retomada e ao avanço desta discussão?”

Acesse esse artigo na íntegra : Desvalorização e subjugamento, por Rachel Moreno (Observatório da Imprensa – 29/03/2011)

Contato com a autora

Rachel Moreno – psicóloga
Observatório Nacional Mulher e Mídia 
São Paulo/SP
(11) 3751-4043 / 9988-5997 – [email protected]

 

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