(Correio Braziliense, 27/05/2014) De tempos em tempos, a disparidade entre homens e mulheres na indústria cinematográfica é um dos temas da moda em Hollywood. Durante o Festival de Cannes, na França, Cate Blanchett, vencedora do Oscar de melhor atriz por Blue Jasmine, trouxe a discussão de volta à pauta ao dizer que, mesmo em 2014, as mulheres ainda recebem menos do que os homens para fazer o mesmo trabalho. “Não entendo isso. Mas é um questionamento que só as mulheres se fazem”, comentou a australiana.
Há dois meses, a atriz Lena Dunham, do seriado Girls, também levantou o problema em participação no Austin SXSW Film Festival. Protagonista de uma série televisiva que tenta representar jovens nova-iorquinas sem estereótipos, ela pediu que os estúdios mudem a forma como enxergam as mulheres. “Não há espaço para mim no sistema atual”, lamentou a norte-americana.
A diferença salarial, a representação estereotipada e a falta de espaço para as mulheres à frente dos filmes como protagonistas, diretoras e produtoras acabaram virando tese de pesquisa de Martha M. Lauzen, diretora do Centro de Estudo para Mulheres na Televisão e no Cinema da Universidade de San Diego, nos Estados Unidos. Pesquisando os 100 filmes de maior bilheteria do ano passado, a estudiosa chegou a conclusão que apenas 15% das produções tinham mulheres como protagonistas, 29% contavam com elas entre os personagens principais e somente 30% dos longas tinham falas para as personagens femininas.
Lançado neste ano, o estudo intitulado It’s a man’s (celluloid) world: On-screen representations of female characters in the top 100 films of 2013 (É o mundo dos homens: representações na tela de personagens femininos nos 100 filmes de maior bilheteria de 2013, em português) também mostra que isso não mudou ao longo dos anos. Na verdade, em 2002, as mulheres eram 16% das protagonistas e, em 2011, ocupavam 11% dos papéis de destaque dos longas mais vistos pelo mundo.
“Os estúdios terão que reconhecer isso como um impasse algum dia. Mas a grande questão é que não é visto assim. Na minha percepção é que eles não necessariamente veem as mulheres não sendo representadas nas telas e a pouca presença delas por trás das cenas como um problema”, revela Martha Lauzen em entrevista a revista Time.
Acesse o PDF: Pesquisa norte-americana mostra a desigualdade de gêneros na telona