(Folha de S. Paulo, 14/10/2015) Canal estatal queria exaltar igualdade
A ideia era que o comercial falasse sobre a importância da igualdade entre os sexos e sobre as mulheres no trabalho. Mas um filme de 40 segundos que alardeava o grande número de mulheres entre os apresentadores do canal de TV estatal francês France 3 era tão sexista que terminou retirado instantaneamente, diante de críticas generalizadas.
Para estupefação das feministas e de comentaristas na mídia social francesa, o comercial começava mostrando uma casa vazia onde tudo parece estar indo mal.
Há alguma coisa pegando fogo no forno; um quarto de criança está completamente bagunçado e sujo; uma camisa está pegando fogo porque alguém deixou o ferro de passar sobre ela; e o banheiro –com a tampa do vaso erguida– está imundo.
Enquanto a câmera circula por esse apocalipse doméstico, uma canção francesa dos anos 70 pergunta “onde estão as mulheres?”. Logo aparece uma mensagem na tela que diz que as mulheres estão “na France 3”, onde são “a maioria dos apresentadores”.
O comercial foi um fracasso espetacular.
A France 3 queria usar o filme para alardear sua grande equipe de talentos femininos.
Mas a mensagem implícita de que só as mulheres abaixam a tampa do vaso sanitário e sabem passar camisas –com consequências catastróficas caso saiam para trabalhar– foi ridicularizada quando uma prévia do filme foi oferecida no Twitter.
Pascale Boistard, a ministra francesa da Mulher, comentou no Twitter que o comercial não parecia ser “uma boa maneira de destacar a igualdade profissional” entre os apresentadores de TV.
Delphine Ernotte, a nova diretora da France 3 e primeira mulher a deter o posto, imediatamente ordenou que o comercial fosse retirado. Ele deveria ser veiculado no canal por três semanas.
A executiva aparentemente não o havia visto antes que fosse veiculado. Boistard expressou aprovação no Twitter à sua retirada.
Para o coletivo de mulheres jornalistas Prenons La Une, o comercial “alimenta os clichês em lugar de desconstruí-los.
Acesse o PDF: TV francesa tira do ar anúncio visto como sexista (Folha de S. Paulo, 14/10/2015)