Violência contra a mulher em série apresentada por Gloria Steinem

17 de maio, 2016

(O Globo, 17/05/2016) Mais de 20 anos depois de oficialmente encerrado o conflito entre Ruanda e o Congo (em 2003), a paz ainda não chegou àquela região. As populações congolesas sofrem com as milícias e as guerras tribais. Para as mulheres ficou especialmente difícil: o estupro coletivo é algo rotineiro. Seus dramas e a complicada geografia política dali são o tema do episódio de estreia de “Woman”, que acaba de chegar ao iTunes. A produção é apresentada por Gloria Steinem — uma das mais importantes figuras do feminismo nos anos 1960/70. Mas, apesar disso, a série não interessará apenas às partidárias do movimento. Vale para todos os públicos.

Nesta primeira edição, uma repórter visita o coração da guerrilha e, para isso, se embrenha na mata. Ela também conversa, claro, com moças violentadas. Finalmente, acompanha o trabalho do ginecologista Denis Mukwege, fundador de um hospital em Bukavu especializado em tratar e reconstituir o corpo mutilado. Entre os pacientes, há crianças pequenas.

O estupro é uma prática de tal alcance no Congo que existe hoje uma espécie de campo de refugiados, o Buganga Village, para abrigar as vítimas. Com elas, vivem seus filhos, frutos desses abusos. É o que resta a essas mulheres, que são expulsas de casa por suas famílias e caem no degredo, condenadas para sempre a esse exílio. Lá, recuperam alguma dignidade, aprendem a plantar e vendem a produção excedente para subsistir.

“Woman” visitará ainda El Salvador e o Paquistão e mostrará o drama de presidiárias com filhos pequenos. Não é uma série para os fracos. Cada episódio tem cerca de 30 minutos, mas eles são intensos e com investigações jornalísticas completas e emocionantes.

Patrícia Kogut

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