(Jornal da Tarde/G1/UOL) Chegou ao Brasil a ‘Marcha das Vadias’, ou das ‘Vagabundas’, o movimento inspirado em um ato realizado em abril no Canadá, o “slutwalk“. Trata-se de um protesto contra o pensamento de que as vítimas de violência sexual podem ser as principais responsáveis por esses crimes por usaram roupas consideradas “provocantes”.
O movimento já existe em mais de 20 países e começou depois que um policial de Toronto argumentou que as mulheres deveriam evitar se vestir como “vagabundas” para não se tornarem alvo de estupro. A declaração, que aconteceu durante uma palestra sobre segurança em uma universidade, causou revolta entre as mulheres, e assim elas decidiram protestar.
As manifestantes procuram usar o que há de mais provocativo em seus guarda-roupas – saias curtas, blusas transparentes, salto alto, calcinha e sutiã – em um movimento pacífico, segundo os organizadores. “É importante deixar claro que não é uma marcha para prostitutas ou executivas, mas é para todas as mulheres”, afirma uma das idealizadoras do protesto, a escritora Solange De-Ré, para quem a marcha não é apenas para que as mulheres tenham o direito de vestir o que querem. “Vai muito além. Estamos discutindo a violência que ocorre no País contra as mulheres. O Brasil ainda é machista.” Essa violência, de acordo com Solange – que adora roupas sensuais –, vai desde a cantada de mau gosto por causa da vestimenta até estupro, espancamento e assassinato.
A marcha conquistou a adesão de movimentos feministas. “É importante porque dá visibilidade ao problema da violência contra as mulheres”, diz Tica Moreno, da SOF (Sempreviva Organização Feminista) e integrante da Marcha Mundial das Mulheres.
A marcha começou a ser organizada há cerca de três semanas pelo Facebook. Quase seis mil pessoas confirmaram presença. “Tanta repercussão deixa claro que é um assunto que interessa às pessoas”, diz a publicitária Madô Lopes, uma das organizadoras do evento que acontece neste sábado. “Cada um vai vestido como quer. Tem garotas que vão vestidas como vagabundas, tem quem goste de saia justa, tem quem não goste. Não é um baile de fantasia. Mas quem quiser ir ludicamente vestido, pode ir. Todo mundo vai estar lá pela mesma causa que é o respeito à mulher”, afirma.
Segundo a reportagem do Portal G1, o que mais chamou a atenção foi a grande quantidade de cartazes contra o machismo e a favor do respeito entre os gêneros e o grupo de mulheres animava o público usando tambores improvisados em baldes para produzir música.
Segundo dados Secretaria da Segurança Pública, no primeiro trimestre deste ano foram 2.699 ocorrências no Estado de SãoPaulo. O número é maior que o do mesmo período do ano passado, com 2.323 mulheres violentadas.
Veja fotos do evento no Portal R7
Leia as matérias completas:
Mulheres com pouca roupa fazem a ‘Marcha das Vadias’ em SP (G1 – 04/06/2011)
Paulista recebe a marcha das vagabundas (Jornal da Tarde – 03/06/2011)
”Marcha das Vagabundas” ganha versão brasileira na avenida Paulista neste sábado (UOL – 04/06/2011)
Protesto ‘marcha das vagabundas’ chega ao Brasil neste sábado (G1 – 04/06/2011)