(O Estado de S. Paulo) Quem nasceu no Brasil em 2010 pode esperar viver 73 anos, 9 meses e 3 dias – 11 anos, 2 meses e 27 dias a mais do que os brasileiros nascidos em 1980, segundo a pesquisa Tábuas Abreviadas de Mortalidade por Sexo e Idade, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O trabalho aponta que entre 1980 e 2010 a esperança de vida do brasileiro recém-nascido cresceu, em média, 4 meses e 15 dias por ano. Também mostra, ao lado de avanços como a redução na mortalidade infantil (de 66,1 para 16,7 por mil nascidos vivos) e o aumento da vida das mulheres, os limites impostos pela violência urbana, principal causa de morte de homens de 20 a 24 anos.
Em três décadas, o País passou do 116.º para o 91.º lugar em expectativa de vida e do 118.º para o 97.º lugar em mortalidade infantil, na comparação feita com base em dados da Organização das Nações Unidas (ONU). Apesar dos avanços, o Brasil continua longe dos líderes (Japão, com 83,9 anos, no primeiro caso, e China, com 1,89 morte entre nascidos vivos, no segundo). Permanece atrás mesmo de países vizinhos, como o Chile (o 34.º em esperança de vida, com 79,20 anos; 47.º em mortalidade infantil, com 6,54 por mil nascidos vivos) e Argentina (respectivamente, em 59.º lugar, com 75,77 anos, e 80.º, com 12,42 por mil).
O IBGE considerou, contudo, que o avanço brasileiro foi grande. “A mortalidade de 1980 a 2010 caiu muito, em todos os grupos de idade: a mortalidade infantil, a mortalidade na infância, a mortalidade nos jovens, dos adultos e dos idosos. E foram declínios consideráveis”, disse o gerente do Projeto de Componentes de Dinâmica Demográfica do instituto, Fernando Albuquerque.
Menos desigual. A desigualdade na expectativa de vida ao nascer entre o Nordeste (em 1980, região com o pior indicador) e o Sul (em 1980 e 2010, líder no índice) foi reduzida. No primeiro ano da série, elas eram separadas por 7 anos, 9 meses e 3 dias. No último ano, esse abismo diminuiu para 4 anos, 7 meses e 20 dias. O encurtamento deve-se ao maior avanço do indicador no Nordeste (22,2%) que no Sul (14,9%).
Além disso, houve uma inversão no último lugar: em 1980, a expectativa de vida no Norte era 60 e nove meses, maior que a do Nordeste (58 anos e três meses). Trinta anos depois, o indicador no Nordeste chegou a 71 anos, dois meses e 12 dias, contra 70 anos, nove meses e três dias do Norte. “Os programas e as ações governamentais são mais facilmente implementados na região Nordeste do que na Norte, talvez por causa das dificuldades de acesso”, disse Albuquerque.
Sexo. A sobremortalidade masculina em relação à feminina (probabilidade de um homem morrer em relação a uma mulher) continuou marcante em 2010 e aumentou em relação a 1980. “Atinge o máximo no grupo de 20 a 24 anos, onde a probabilidade de um homem de 20 anos não atingir os 25 anos é 4,4 vezes maior do que esta mesma probabilidade para a população feminina”, aponta o estudo. “Entre 1980 e 2010, com exceção dos menores de 1 ano, todos os grupos de idade apresentaram aumento neste indicador.”
Em 1980 o Estado do Rio liderava nesse quesito, com probabilidade de um homem morrer três vezes maior. Em 2010, esse primeiro lugar foi para o Estado de Alagoas.
“Um indivíduo de 20 anos tem quatro vezes mais chances de não atingir os 25 do que uma mulher. Em Alagoas, onde houve o maior aumento, esse indivíduo de 20 anos tem quase oito vezes mais chances de não atingir a idade seguinte, os 25 anos, do que se fosse do sexo feminino”, explicou Albuquerque.
Acesse o PDF: Brasileiro ganha 11 anos em 3 décadas (O Estado de S. Paulo – 03/08/2013)