Revelação de Daniela Mercury reaviva debate sobre relações amorosas entre o mesmo sexo
(JORNAL DE BRASÍLIA) A homossexualidade sempre foi alvo de acalorados debates. Alguns defendem a teoria de que os homossexuais já nascem assim. Outros, ao contrário, dizem que o ambiente social tem influência direta nessa escolha. Assumir a opção sexual exige coragem para enfrentar os inevitáveis entraves de uma sociedade que ainda tem sua raiz fincada no conservadorismo. Para as mulheres, o desafio parece maior, pois ainda precisam lidar com o machismo existente no mundo contemporâneo. Mas se elas estão conquistando cada vez mais destaque em diversas áreas, no momento de assumir suas preferências não é diferente. Prova disso é o crescente número de mulheres revelando sua opção sexual.
O debate ficou ainda mais acalorado depois do anúncio da cantora baiana Daniel Mercury, que decidiu assumir um relacionamento homossexual, mesmo após casamentos que lhe renderam filhos, biológicos e adotados.
UMA HISTÓRIA DE AMOR
A servidora pública Janaína Mariano, 26 anos, sempre teve certeza da sua opção sexual. Prova disso foi a precocidade de sua primeira experiência homossexual: aos nove anos ela teve o seu primeiro envolvimento. Mas só aos 19 anos, quando conheceu a esposa Carolina Campos, 30 anos, ela viu a necessidade de se assumir sexualmente perante à família. “Decidi me assumi quando a conheci. O primeiro contato foi pela internet. Quando nos encontramos pessoalmente tive certeza de que a minha vida mudaria”, lembrou.
Segundo Janaína, o momento de assumir a relação foi difícil. “Minha família era toda evangélica. Quando conversei sobre a minha opção, todos quiseram me fazer mudar de ideia, alegando que eu precisava de tratamento médico. Diziam, inclusive, que era obra do capeta”, relembra. A servidora fala sobre a pressão psicológica que sofreu. “Foi uma pressão psicológica dentro de casa. Em todos os lugares que ia, havia sempre duas pessoas me seguindo. O dia mais doloroso, segundo ela, foi quando seus pais abordaram a então namorada no cursinho que estudava. “Qui seram me tirar de lá à força. Foi horrível”, relembra.
Ponto de Vista
De acordo com a psicóloga Milena Rodrigues, quase ninguém no mundo foi educado para ter filhos homossexuais, logo, o mais comum é ter um filho heterossexual. “Mudar esse conceito de muitos pais não é fácil, mas ela afirma que é preciso mudar, aceitar e aprender a lidar com a situação, “Antes de ter um filho, o casal projeta uma história, imagina um destino para esse filho. E nunca leva em conta que ele possa ser gay, mas pode”, diz.
De acordo com ela, não existe segredo em assumir-se.”Tu d o depende da realidade familiar.
Mas o mais importante é impor respeito. “Também é importantíssimo não deixar se menosprezar ou te diferenciarem por ser homossexual. Saber lidar, sem perder a compostura, e a razão”, orientou Milena.
Acesse o pdf: No momento de assumir (Jornal de Brasília – 05/04/2013)