(R7 Notícias/O Globo) Quanto maior a quantidade de pretos no mercado de trabalho, maior a taxa de desemprego da cidade, concluiu estudo do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia)/FGV (Fundação Getulio Vargas), realizado a partir de dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2009, que coleta informações sociais de seis capitais: Belo Horizonte, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador, Recife e São Paulo.
O autor da pesquisa e professor do Ibre, Fernando de Holanda, explica que a pesquisa usa o termo preto – e não negro – porque o IBGE pergunta para o cidadão se ele é “preto, branco, pardo, amarelo, entre outros”. Segundo ele, é bom ressaltar porque, “quando falamos em preto, as pessoas pensam que a pesquisa é pejorativa”.
O levantamento mostra que, ao contrário da raça e da cor, o sexo, escolaridade, faixa etária, experiência profissional e o capital humano não têm peso significativo na taxa de desocupação. O pesquisador do Ibre explica que, “o desemprego para os pretos é 20% e para os brancos é cerca de 10%, ou seja, metade”.
A coluna Panorama Econômico, de Regina Alvarez, no jornal O Globo, destacou dados da pesquisa. Veja trechos selecionados:
“Para entender a dinâmica do mercado de trabalho nas grandes regiões metropolitanas do país, os economistas Fernando de Holanda Barbosa Filho e Samuel de Abreu Pessôa se debruçaram sobre os dados da Pnad de 2009. Gênero, raça, escolaridade, faixa etária e experiência profissional foram analisados. E a cor da pele é o fator que mais pesou. Ou seja, se os negros e pardos têm mais dificuldade para ingresso no mercado em qualquer região do país, naquelas onde a maioria da população apta ao trabalho é negra ou parda, a taxa média de desemprego é maior. “
“Isso acontece em Recife e Salvador, regiões metropolitanas com as maiores taxas de desemprego do país em 2009 e ainda hoje. Em Recife, onde o desemprego chegava a 15,9% em 2009, a soma de negros e pardos alcançava 63,9% da população apta ao trabalho. Em Salvador, o desemprego estava em 14,2%, enquanto a população negra e parda chegava a 82,8%.”
“O economista evita a palavra preconceito, mas destaca que a escolaridade maior não é capaz de neutralizar a diferença das taxas de desemprego relacionadas a raça e cor, o que justificaria a adoção de políticas para atenuar essa disparidade.”