(Brasil Econômico) Para as mulheres, apenas dinheiro não traz motivação, diz estudo. Aprendizado e flexibilidade de horários são essenciais.
A evolução da participação da mulher no mercado de trabalho tem levado à uma realidade que já supera e muito a simples disputa por cargos e salários com os homens, comum há bem pouco tempo.
Hoje elas estão mais focadas em desenvolvimento profissional do que simplesmente em remuneração, querem encontrar o equilíbrio entre vida pessoal e profissional e – na faixa etária que vai dos 20 aos 30 anos – praticamente ignoram a comparação de gêneros quando o assunto é carreira.
Levantamento realizado com 1,5 mil mulheres empregadas, divulgado ontem pelo site Vagas.com.br, aponta que na hora de aceitar um novo cargo, 52% delas têm como principal motivador o desenvolvimento profissional. Remuneração e flexibilidade de horário vêm logo na sequência das preferências, com 33%. Aprendizagem é o quarto atrativo, com 31%.
A pesquisa apontou ainda que 54% dessas mulheres mudaram de emprego nos últimos dois anos, sendo que 47% delas para cargos acima da posição anterior, enquanto 39% foram promovidas. Dessas, 82% pretendem mudar de empresa caso não sejam promovidas nos próximos dois anos.
“Uma constatação interessante que fizemos foi de que apenas 8% das mulheres têm interesse em altos cargos de chefia. O equilíbrio é a principal busca, especialmente agora que a linha que separa a vida pessoal da profissional está cada vez mais tênue e, por isso, não vale mais o conceito de ficar horas fechado dentro de uma empresa”, diz Fernanda Diez, gerente de relacionamento da Vagas Tecnologia.
Remuneração e benefícios
Diferentemente das tendências que apontam a superioridade masculina quando o assunto é salário, uma parcela (19%) das mulheres declarou receber mais que seus companheiros. Nestes casos, elas ganham de 10% a 20% mais do que seus parceiros, segundo o Vagas.
E a tendência, afirmam especialistas, é de consolidação desse processo de equiparação salarial. Na faixa etária dos 20 aos 30 anos, segundo Roberto Picino, diretor da Page Personnel no Brasil, essa comparação praticamente já não faz mais sentido.
“Hoje esse público não entende por que haveria diferença de remuneração entre gêneros. Talvez isso ainda esteja mais presente quando falamos de profissionais acima dos 30 anos – até por uma questão biológica das mulheres -, mas a tendência é de convergência para a equiparação”, diz Picino.
Independentemente dos salários, porém, se dá cada vez mais importância aos benefícios oferecidos pelas empresas. Trabalhar dois dias em casa e três na empresa é o desejo de 87% das pesquisadas pelo Vagas.com.br.
A flexibilidade de horário é pleiteada por 33% das profissionais entrevistadas. Das mulheres que extrapolam a jornada de oito horas por dia (46%), 47% afirmam que sua vida pessoal é prejudicada em consequência desse expediente.
Perguntadas sobre a importância do trabalho em suas vidas, 100% responderam que é “muito importante” ou “importante”. Apenas 1% deixaria de trabalhar para cuidar da família. A pós-graduação está na mira de 17% das pesquisadas (sendo que 41% do total das respondentes já possuem algum tipo de especialização).
Tendências semelhantes também foram apontadas em pesquisa feita pelo Linkedin, chamada “O Que As Mulheres Querem No trabalho”.
O estudo mostra que elas buscam principalmente o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, sendo que isso conta mais pontos até do que altos salários na hora de escolher um cargo dentro de uma corporação. Globalmente, a pesquisa identificou que o significado de sucesso profissional mudou drasticamente ao longo da última década.
Confiança brasileira
Segundo esse levantamento, as mulheres brasileiras se sentem confiantes sobre suas carreiras e otimistas sobre suas capacidades de terem um trabalho gratificante e vida familiar.
O significante número de 88% das entrevistadas consideram suas carreiras “bem-sucedidas”, enquanto 85% acreditam que podem “ter tudo”. No entanto, sobre a questão de como filhos afetarão suas ambições de carreira, as mulheres estão divididas.
O estudo mostra que 68% das profissionais brasileiras atualmente sem filhos acreditam que não vão desacelerar suas carreiras quando tiverem filhos, enquanto 32% preveem que sim.
“Felizmente, as mulheres executivas no Brasil vem conquistando reconhecimento no mercado de trabalho, porém, ainda há muito a ser construído. Para que isso aconteça, é fundamental que existam planos de carreira claros e que as empresas apoiem e estimulem o desenvolvimento de seus colaboradores, não apenas para gerar valor, mas para que se sintam encorajadas e valorizadas”, afirma Nadir Moreno, presidente da UPS e membro do Comitê Executivo do Lide Mulher.
Acesse em pdf: Mais que salário, elas querem conciliar trabalho e vida pessoal (Brasil Econômico – 08/03/2013)