(Folha de S. Paulo) Em defesa do silêncio da presidente Dilma Rousseff, que até agora não se manifestou oficialmente sobre a renúncia do papa Bento 16, o principal interlocutor do Palácio do Planalto junto à Igreja Católica, ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência), disse ontem que “atitudes são mais importantes” que falas.
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“Não tínhamos que falar, tínhamos que respeitar e reforçar nossa parceria na prática. Portanto, não há nenhuma desconsideração”, afirmou no lançamento da Campanha da Fraternidade 2013 na CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).
Carvalho disse ainda que a ausência de uma nota oficial do Planalto não criou desconforto com a CNBB.
“Queria atestar em nome da presidente Dilma a nossa posição ante essa decisão de Bento 16, que é acima de tudo uma posição de respeito, de reverência e de um desejo muito forte de que ele possa continuar contribuindo com a igreja no plano espiritual, nas orações e na vida que ele está escolhendo”.
A relação entre o governo e o Vaticano ficou mais distante depois da campanha de 2010, quando Bento 16 recomendou a bispos brasileiros pregar voto contra políticos que defendessem o aborto. O gesto foi interpretado como uma intervenção.
Ontem, Carvalho falou que o episódio está superado. O ministro afirmou ainda ter esperança de que o novo líder da igreja venha ao Brasil em julho para a Jornada Mundial da Juventude, no Rio.
Durante o lançamento da campanha da CNBB, que tem como lema fraternidade e juventude, foi lida uma mensagem do papa aos brasileiros, assinada quatro dias antes da renúncia.
“Os ‘sinais dos tempos’, na sociedade e na igreja, surgem também através dos jovens; menosprezar estes sinais ou não os saber discernir é perder ocasiões de renovação.”
A mensagem diz ainda que, para os jovens serem protagonistas na comunidade cristã, os líderes não podem “impor rumos”.
“Isto requer guias -padres, consagrados ou leigos- que permaneçam novos por dentro, mesmo que o não sejam de idade, mas capazes de fazer caminho sem impor rumos, de empatia solidária, de dar testemunho de salvação, que a fé e o seguimento de Jesus Cristo cada dia alimentam”, diz o texto.
Acesse em pdf: Na CNBB, ministro justifica silêncio de Dilma (Folha de S.Paulo – 14/02/2013)