Defensora dos direitos das mulheres é eleita com 23 votos
(O Globo) Ao entrar para a votação que escolheria o novo imortal da Academia Brasileira de Letras, na tarde de ontem, o acadêmico Arnaldo Niskier digitou no celular o número da escritora e presidente do Movimento Rio Como Vamos, Rosiska Darcy de Oliveira, uma das candidatas. Quando o secretáriogeral da ABL, Geraldo Holanda Cavalcanti, leu o vigésimo voto para Rosiska, Niskier ligou para avisar. Ela foi eleita para a cadeira número dez, que já foi ocupada por Rui Barbosa e estava vazia desde a morte do poeta Lêdo Ivo, em dezembro.
— Que bom que meu celular funcionou! Ela respondeu do outro lado: “Ah, vou desmaiar!” Ganhamos uma grande escritora e companheira. Tenho certeza de que a Rosiska vai ser uma grande colaboração para a ABL — disse Niskier, rindo.
A nova imortal, que também é articulista do GLOBO, recebeu 23 dos 38 votos possíveis, numa eleição em que 26 acadêmicos estiveram presentes. Os outros 12, como os escritores Lygia Fagundes Telles e Paulo Coelho, votaram por carta. O primeiro chá de Rosiska com os imortais será dia 18 às 16h.
— Foi uma disputa difícil, com 15 candidatos. A ABL é uma casa muito desejada pelos escritores. Há algum tempo amigos me incentivavam a me candidatar. Dessa vez, finalmente topei. Sou uma grande defensora dos direitos das mulheres. Foi uma grande alegria ser eleita. Apesar da tradição, a ABL é uma casa que olha para o futuro. Quero participar dos projetos de futuro da academia — disse Rosiska.
Depois da notícia, ela recebeu os companheiros de academia no seu apartamento na Praia do Flamengo para comemorar. Entre os convidados, estavam nomes como José Sarney, Sérgio Paulo Rouanet e o colunista do GLOBO Merval Pereira.
— É um grande nome que a academia ganha. Rosiska, uma grande intelectual, era a minha candidata. Mesmo assim, quero lembrar que os outros candidatos que ganharam votos também são importantes. Acho que Antônio Cícero ganhou ânimo para se candidatar de novo — afirmou Merval.
O filósofo e poeta Antônio Cícero ficou em segundo lugar, com seis votos. Atrás dele, ficaram o poeta Marcos Accioly, com cinco, e a historiadora Mary Del Priore, com quatro. Rosiska é a quinta mulher entre os 39 membros, ao lado de nomes como Ana Maria Machado, presidente da ABL. Ela é advogada e escritora. Chegou a atuar como jornalista, mas sua carreira foi interrompida quando foi exilada durante o regime militar.
Rosiska é doutora em educação pela Universidade de Genebra, onde deu aula por dez anos. Sua atuação política pelos direitos da mulher é nacional e internacional. Ela foi embaixadora do Brasil na Comissão Interamericana de Direitos da Mulher, da Organização dos Estados Americanos (OEA). Também é consultora de organismos internacionais como a Unesco. Sua amiga e imortal Cleonice Berardinelli era uma das mais felizes com a escolha:
— Até o dia conspirou para eleger a minha amiga. Há tempos não fazia uma tarde tão bonita — disse Cleonice.
Acesse o pdf: Rosiska Darcy de Oliveira vai ocupar a cadeira 10 da ABL (O Globo – 12/04/2013)
Veja também:
Nova Imortal defende obra como escritora (Folha de S.Paulo – 13/04/2013)