18/08/2013 – Alunas de medicina têm qualidade de vida pior do que a dos homens

18 de agosto, 2013

(Folha de S.Paulo) Ao mesmo tempo em que se tornam a maioria nos cursos de medicina, as mulheres também lideram outra posição nada animadora: são as que têm os piores indicadores de qualidade de vida.

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A medição vem do projeto Veras (Vida de Estudante e Residente da Área da Saúde), que teve início com estudo pioneiro em 2004 sobre qualidade de vida e ambiente de ensino do aluno de medicina.

De lá para cá, mais três estudos foram feitos e todos eles chegaram às mesmas conclusões: os estudantes, especialmente as mulheres, apresentam altos níveis de privação do sono, têm muita sonolência diurna e estão exaustos emocionalmente.

Dados preliminares do último estudo, de 2012, que envolveu cerca de 3.000 alunos de 22 escolas médicas brasileiras, serão apresentados nesta semana em congresso internacional em Praga.

PRIVAÇÃO DE SONO

“A mulher tem os piores indicadores em tudo. Até por ter essa característica do cuidar, ela sofre mais com essas coisas. O homem tem a capacidade de minimizar ou não enxergar”, afirma a pediatra Patrícia Tempski, uma das coordenadoras do projeto Veras, que tem apoio da Capes, órgão do governo federal.

A sonolência diurna foi uma queixa de 66% das mulheres e 54,8% dos homens.

“A sonolência faz você diminuir o aprendizado e deixa a pessoa com menos disposição de lidar e enxergar o outro. Isso somado ao contato com a dor e o sofrimento a vai endurecendo, numa fase em que está se desabrochando para a vida.”

Segundo a médica, a razão principal da sonolência é que, além de o curso de medicina ser “puxado”, o estudante quer continuar a ter vida fora da faculdade.

“Eles passam muitas horas em redes sociais, vão para baladas, não têm tempo para exercícios físicos.”

Quase metade dos estudantes (45,4%) avaliados estão insatisfeitos com o curso. Afirmam que não aproveitam a vida como poderiam, não se alimentam bem e não cuidam da sua saúde.

“São comuns os sentimentos de tristeza e desânimo, insatisfação com a vida afetiva e sexual, principalmente nas mulheres e nos estudantes do 3º e 4º anos”, diz a pediatra.

De acordo com Patrícia, a falta de tempo livre para estudo, lazer, relacionamentos e repouso foi colocada como um dos principais fatores de diminuição da qualidade de vida no curso de medicina.

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