19/04/2011 – Relatório das Desigualdades Sociais revela racismo em números

19 de abril, 2011

(O Estado de S. Paulo)(Folha.com) A Universidade Federal do Rio de Janeiro divulgou o Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil 2009-2010. Ele aponta a permanência e agravamento das desigualdades entre pretos ou pardos e brancos.

O estudo desenvolvido pelo Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais (Laeser) utilizou dados do Ministério da Saúde, da Pnad (Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios), levantamento inédito feito pelo Nepo (Núcleo de Estudos de População) da Unicamp, entre outros.

Homícídios

A probabilidade de um homem preto ou pardo morrer assassinado é mais do que o dobro se comparado a de um indivíduo que se declara branco, é o que revela o relatório.

Apesar de o número de homicídios no país permanecer estável nos últimos anos, o número de negros assassinados não para de subir, por outro lado, os homicídios entre homens brancos vêm caindo.

Entre as mulheres, a morte por homicídio entre as pretas e pardas é 41,3% maior à observada entre as mulheres brancas, segundo os dados de 2007.

Expectativa de vida 

A esperança de vida da população negra segue inferior à da população branca. Entre os homens pretos e pardos, o indicador não passou de 66,74 anos. No contingente masculino da população branca, a expectativa alcançou 72,39 anos.

No estudo com as mulheres, a esperança de vida entre pretas e pardas foi de 70,94 anos, abaixo dos 74,57 anos estimados para a parcela feminina da população branca.

Educação

A avaliação de jovens de 15 a 17 anos mostra que 8 em cada 10 estudantes pretos e pardos estavam cursando séries abaixo de sua idade, ou tinham abandonado o colégio. Entre os brancos, 66% dos estudantes estavam na mesma situação.

Na população de 11 a 14 anos, que segundo o estudo é a fase que jovens começam a abondonar a escola, 55,3% dos jovens brasileiros não estavam na série correta em 2008. Entre os jovens pretos e pardos, essa proporção chega a 62,3%, bem acima dos estudantes brancos (45,7%).

O relatório evidencia que a população branca com idade superior a 15 anos tinha, em 2008, 1,5 ano de estudo a mais do que a negra.

“Não quer dizer que as coisas estejam às mil maravilhas para os brancos, mas os pretos e pardos são os mais atingidos”, diz um dos coordenadores do estudo, o economista Marcelo Paixão.

Saúde

Estabelecimentos do SUS atenderam mais pretos e pardos (66,9% da sua população atendida em 2008) do que brancos (47,7%), a taxa de não cobertura também é maior entre o grupo de pretos e pardos, 27% para afrodescendentes e para 14% dos brancos.

Em 2008 40,9% das mulheres pretas e pardas nunca haviam feito mamografia, contra 22,9% das brancas e 18,1% das mulheres pretas e pardas nunca haviam feito papanicolau (13,2% entre as brancas).

Acesse as matérias completas:
Expectativa de vida de negros é 6 anos menor que de brancos (Folha.com – 19/04/2011)
Negros são mais atingidos por abandono e repetência escolar (Folha.com – 19/04/2011)
Homicídios ficam estáveis no país, mas crescem entre negros (Folha.com – 19/04/2011)
Desigualdade racial se agrava no Brasil, diz relatório da UFRJ (O Estado de S. Paulo – 20/04/2011)

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