(Folha de S.Paulo) O colunista da Folha analisa a influência da religião nas campanhas eleitorais. Indo além da polêmica sobre o aborto, Marcelo Coelho aborda a questão do Estado laico e o comportamento das candidaturas. Leia alguns trechos selecionados:
“A fé que eu gostaria de contestar, a esta altura da campanha eleitoral, é a fé nos marqueteiros e nas pesquisas de opinião. O maior obscurantismo não está na condenação ou na defesa do aborto. Está no fato de dois candidatos seguirem, como ovelhinhas, o que lhes recomenda a última estatística.
Convenhamos que nem Dilma nem Serra são pessoas religiosas. Que quando um comunga e a outra se persigna, estamos diante de um ritual que não engana ninguém. Serra e Dilma apóiam a lei vigente, que permite o aborto em casos específicos. Os dois, portanto, não são sempre contra o aborto; estão a léguas de distância dos eleitores que desejam conquistar.
Se fosse para fazer tudo o que os religiosos querem, os dois teriam de condenar a pílula, a camisinha e o divórcio. Simplesmente esses temas não apareceram no debate.”
“É fácil saber qual a religião de cada eleitor. Mas quantos homossexuais há no Brasil? Quantas pessoas já tiveram um aborto na família? Como se dividem suas preferências eleitorais? As pesquisas eleitorais não chegam a esse detalhamento.
As pesquisas, acho que já escrevi isso, são o ópio dos candidatos. A inteligência do país inteiro fica embotada nesse processo.”
Acesse na íntegra: O ópio dos candidatos, por Marcelo Coelho (Folha de S.Paulo – 20/10/2010)