24/07/2013 – Poder feminino nas matrizes africanas é debatido em Festival

24 de julho, 2013

(SEPPIR) A essência feminina nas matrizes africanas e o poder transformador da mulher foram tema de debate na tarde de terça-feira (23), durante o Latinidades – Festival da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha, realizado em Brasília-DF.

Makota Mulanji (Banto), Vilma Piedade (Iorubá), e Jandira Santana (Fon) foram as debatedoras na discussão intitulada: “Bantu, Iorubá, Fon: ancestralidade negro-feminina nas matrizes africanas e a perpetuação da força na cultura. Bases para a construção e renovação de saberes, patrimônios e diálogos”.

A organização da atividade é fruto de parceria entre a Secretaria de Políticas de Comunidades Tradicionais (Secomt), da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), e a produção do Festival Latinidades.

“Sem a mulher nada nasce, ela é o princípio da criação e preservação do mundo”, explicou Vilma Piedade, ao abordar esse aspecto por meio da perspectiva Iorubá. A palestrante ressaltou a importância da tradição na construção de políticas que enfrentem o racismo na sociedade e disse que as mulheres são portadoras de muito axé. “Através das danças e rituais elas incorporam a força cósmica, criando possibilidades de realização de mudanças”, afirmou.

Makota Mulanji, da nação Banto, enfatizou a necessidade de ressignificar a tradição para que não fique restrita à religiosidade, mas que permeie todo um modo de vida. “Os ambientalistas falam da importância de não desperdiçar a água, de conservar as florestas, mas muito anterior a esse discurso está a nossa tradição, que enxerga o sagrado nas águas, que preserva as matas, que educa para respeitar os mais velhos e os mais novos”, provocou.

Mulanji falou também sobre o papel fundamental da mulher na coletividade, no que diz respeito à alimentação, uma função de prestígio na tradição. “A cozinha é um espaço de poder feminino, e não um lugar de submissão, como prega o feminismo europeu”, afirmou.

Em sua fala, Jandira Santana recuperou a memória de mulheres que lutaram pela preservação dos cultos e consequente enfrentamento ao racismo. “Elas protagonizaram a resistência, inclusive frente à polícia, de modo a garantir a sobrevivência dos terreiros”, lembrou Santana. “A mulher tem o poder de fazer, refazer, criar e recriar, dar a vida. Esse é o potencial de todas, principalmente das negras”, concluiu.

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