(Jornal do Comércio) Um debate importante foi lançado pelo Jornal do Comércio: a necessidade das creches noturnas. A bancada do PCdoB na Câmara Municipal, assim como todos os que entendem o significado da participação da mulher no mercado de trabalho e sua formação profissional, defende as creches noturnas. Os motivos são muitos: o déficit de 12 mil vagas públicas na Educação Infantil da Capital; a maior participação das mulheres no mercado de trabalho; e o dado do IBGE que aponta que 72% dos jovens estão no mundo do trabalho. Quantos deles são pais e mães e precisam, para contribuir nas despesas de casa, deixar seus filhos em creches?
Na cidade de Poá (SP), a implementação de creches noturnas foi aprovada. Em Maringá, já são uma realidade consolidada. Em Curitiba, as creches noturnas têm fila de espera. Em Santa Cruz do Sul, a creche Cooperativa de Educação e Serviços Renascer passou a oferecer o terceiro turno, das 22h30min às 6h30min. Na Suécia, há mais de 20 anos há creches que funcionam durante a noite e aos fins de semana para atender pais que trabalham em turnos não convencionais. E no Brasil, no Rio Grande do Sul e em Porto Alegre? Quando entenderemos que, para o Brasil crescer, jovens e adultos precisam trabalhar e, para isso, precisam que seus filhos sejam assistidos? É dever do Estado garantir vagas na Educação Infantil para todas as crianças, e isso significa garantir que o(a) trabalhador(a) que atua em horários não convencionais – como em hospitais – tenham onde deixar seus filhos.
Nossa cidade precisa de creches noturnas. Não será o preconceito, a falta de aceitação de parte da sociedade ou a suposta pequena demanda que mudarão essa realidade. Porto Alegre está atrasada e precisa garantir que mães trabalhadoras e de baixa renda tenham garantido o direito de seus filhos, para que possam trabalhar em segurança, sem comprometer a renda familiar ou a escolaridade de seus outros filhos.
Acesse em pdf: Creches noturnas: uma necessidade real, por João Derly e Jussara Cony (Jornal do Comércio – 24/05/2013)