(Correio Braziliense) O mercado de trabalho brasileiro ganhou uma nova cara. E a face mais visível está entre as mulheres. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2011, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pela primeira vez, o trabalho doméstico deixou de ser a principal ocupação da mão de obra feminina. Agora, elas estão em maioria no comércio.
Nos últimos dois anos, a participação das domésticas no grupo de mulheres que estão empregadas caiu de 17% para 15,7%. Já o total das que tiram o sustento das vendas subiu de 16,5% para 17,6%. E essa mudança veio para ficar, na análise de Renato Meirelles, sócio-diretor do Instituto Data Popular. Primeiro, porque elas ampliaram o nível da educação. Segundo, caiu o fluxo migratório de camadas de baixa renda da Região Nordeste para trabalhar em casas de família. Terceiro, muita pessoas das novas gerações não querem repetir as profissões dos pais.
Embora ainda pertençam ao grupo com maior dificuldade para encontrar trabalho, junto com negros, pardos e jovens, e de ganharam, em média, 70,4% dos salários pagos aos homens, elas começam a despontar em empregos de melhor qualidade e são, em muitos casos, o primeiro membro da família a entrar para a universidade. É o caso de Vanessa Rodrigues, 23 anos, que trabalha em lojas de artigos femininos, há cinco anos. “Comecei aos 17, como vendedora. Aos 18, fui promovida. Estou como gerente há três anos ”, contou. Ela é formada em Administração de Empresas, mas não parou de estudar. Ganhou uma bolsa integral para a faculdade engenharia civil e resolveu encarar o desafio. De uma família goiana de quatro filhos, é a mais velha. A mãe nunca trabalhou; o pai é funcionário de um restaurante.
Acesse em pdf: Há mais mulheres empregadas no varejo do que em tarefas domésticas (Correio Braziliense – 25/09/2012)