30/06/2012 – A classe GG em ascensão ou O triunfo dos gordinhos

30 de junho, 2012

(Época) Eles já são maioria em várias capitais. De discriminados, passaram a valorizados – pelo mercado e pela cultura pop

O Brasil é um país exibido. Nas praias e nas ruas, a exposição generosa de pernas, tórax, bíceps e bumbuns é previsível como o sol quase diário num país tropical. Nos últimos anos, os contornos ganharam volume. Somos hoje uma nação de gente cheinha – ou redonda, ou gorda, o adjetivo depende do observador. Quase metade da população (48%) pesa mais do que deveria. Os gordinhos já são maioria (52%) na população masculina. Em várias capitais, o excesso de peso é a regra entre os moradores de ambos os sexos. É o caso de Porto Alegre (55%), Fortaleza (53%), Cuiabá (51%) e Manaus (51%). Apenas o Sudeste não tem nenhuma capital que tenha alcançado esse nível, mas o Rio de Janeiro está quase lá (49%).

Esse novo cenário do Brasil – agora, além de país mestiço, também um país roliço – inspira uma mudança cultural. Antes desprezados, os gordinhos passaram a ser valorizados. Alguns indícios.

• A convicção de que existe beleza gorda tornou possível a criação de um concurso disputado por mulheres que inspirariam qualquer pintor renascentista. A atual Miss Brasil Plus Size pesa 98 quilos – e, como é possível observar na foto de abertura desta reportagem, é linda.

• A C&A convidou a cantora Preta Gil para ser garota-propaganda. Em julho, a rede de lojas lança uma linha inspirada nela. Os tamanhos vão de 46 a 56. De gordinha excêntrica, Preta se tornou representante de um tipo genuinamente brasileiro. Outras grifes vêm lançando uma variedade sem precedentes de produtos para o público GG.

• No mundo da cultura pop, os gordinhos também triunfam. É o caso da rainha do tecnobrega, a paraense Gaby Amarantos (1,66 metro e 76 quilos). E também do ator Tiago Abravanel, que brilhou nos palcos como o cantor Tim Maia. Ele será um dos destaques da próxima novela das 9 da TV Globo, Salve Jorge, na pele de Demir, um sedutor irresistível.
No mundo do design, hoje é possível encontrar cadeiras de escritório nas versões P, M e G, assim como mouses de computador ideais para mãos gordinhas. Encontrar anéis e alianças em numerações maiores deixou de ser um problema. A maioria das joalherias pensa nisso e oferece soluções.

As brasileiras aprenderam a valorizar o padrão de beleza da mulher real. Essa tendência foi captada pelo Instituto Data Popular, especializado em pesquisa e consultoria em estratégias de negócio. Foram entrevistadas 15 mil mulheres acima de 16 anos, de todas as classes sociais. As voluntárias receberam fotos de três mulheres famosas (sem identificação do rosto), vestidas apenas de lingerie. Na página de ÉPOCA no Facebook e no Google+, você pode ver essas fotos e também opinar: qual o corpo mais atraente? Qual o deles você gostaria de ter? Para 72%, o corpo mais atraente era o mais curvilíneo. A maioria (59%) gostaria de ter aquela silhueta. “O padrão de beleza deixou de ser o das passarelas. Ele é considerado pelas mulheres, e até pelos homens, pouco atraente, nada sensual e até feio”, diz Renato Meirelles, sócio diretor do Instituto Data Popular.

Acesse em pdf: O triunfo dos gordinhos (Veja – 30/06/2012)


Depoimentos dos entrevistados da reportagem “A ascensão da classe GG”

Cléo Fernandes, Gaby Amarantos, Leandro Hassum e Preta Gil falam sobre saúde, vaidade, preconceito e outros aspectos dessa mudança na forma como os gordinhos se veem e são vistos

“Atualmente não passo mais de cinco dias sem receber alguma proposta de trabalho para estrelar campanhas de produtos para pessoas acima do peso”
Cléo Fernandes, Miss Brasil Plus Size

“Uma vez o agente de uma banda me disse: “Você é talentosa, mas precisa emagrecer. Faça um regime e volte aqui depois”.
Gaby Amarantos, cantora

“Ser gordo me obrigou a ser simpático e romântico”
Leandro Hassum, humorista do Programa Os Cara de Pau

“Meu pai e a mulher dele são obcecados por magreza. Sempre me cobraram demais”
Preta Gil, cantora

Leia na íntegra: Depoimentos dos entrevistados da reportagem “A ascensão da classe GG” (Veja – 29/06/2012)

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