Cáritas de São Paulo divulgou perfil dos refugiados. Mulheres relataram violência sexual no país de origem.
Um levantamento da Cáritas de São Paulo mostra que o número de refugiadas grávidas cresceu 57,2% em 2016, em comparação com o ano anterior. Em 2016, 173 mulheres grávidas foram atendidas no estado de São Paulo, contra 110 em 2015. Em 2013, foram apenas 10.
(G1/São Paulo, 22/03/2017 – acesse no site de origem)
A Cáritas de São Paulo, entidade que presta serviços de acolhida e integração a refugiados no país, em parceria com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), divulgou o perfil das novas chegadas de 2016. No ano passado, 3.234 refugiados buscaram atendimento pela primeira vez na instituição.
A proporção das mulheres atendidas também cresceu. Em 2013, eram 13% do total. Subiu para 17% em 2014, 27% em 2015 e 36% em 2016. O número de mulheres atendidas que são chefes de família e cuidam sozinhas dos filhos também subiu, de 202 em 2015 para 276 em 2016.
Para o padre Marcelo Maróstica Quadro, diretor da Cáritas, um dos motivos para o perfil ter mudado é o país de origem das refugiadas. “Elas vêm de lugares de guerra. Os homens vão para as guerras e as mulheres ficam sozinhas’, explica. Outro fator apontado pelo padre é o estupro, que é usado como arma de guerra. Assim, as mulheres buscam fugir do desamparo e violência. Em 2016, 101 das mulheres que chegaram relataram violência sexual no país de origem.
O país de origem dos refugiados que chegaram à Cáritas em 2016 também mudou. Em 2015, os refugiados sírios estavam em maior número, seguido por Angola e Nigéria. Em 2016, a Angola ficou em primeiro lugar, seguida por Nigéria, República Democrática do Congo, Síria e Guiné.
Segundo dados de fevereiro do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), o país tem 9.747 refugiados. A Cáritas de São Paulo tem registrado 4.252 refugiados, quase metade do total. Entidades que prestam apoio aos refugiados e imigrantes no Brasil alertam que o número dessa população é muito baixo. As organizações tentam, há anos, pressionar o legislativo para modificar a lei, criada na Ditadura Militar, que trata o imigrante como uma ameaça. A proposta é uma regulamentação que esteja baseada nos direitos humanos.
Por Paula Paiva Paulo, G1 São Paulo