(Portal Catarinas | 27/04/2021 | Flor Alcaraz do LatFem)
Em entrevista ao portal feminista argentino LatFem, Sonia Corrêa fez uma provocação em relação à complexidade das reações neoconservadoras às questões de gênero. Além dos tradicionais e já conhecidos atores antiaborto e antigênero, ela menciona um “novo” movimento que tem alcançado mais destaque a nível global: as feministas trans-excludentes (TERF, em inglês). “Ganharam muito espaço, segurança e acesso institucional ao longo do último ano”, alerta.
Sonia Corrêa é uma das principais referências acadêmicas feministas no Brasil. É pesquisadora da Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA) e, desde 2002, é co-coordenadora do Observatório de Sexualidade e Política (SPW), que tem publicado exaustivos relatórios sobre a política sexual em tempos de pandemia e pesquisas transnacionais sobre as cruzadas antigênero na América Latina.
Nesta entrevista, Sonia e Flor conversam sobre a ofensiva contra os direitos sexuais e reprodutivos no continente e os desafios para o feminismo, tanto no contexto da crise sanitária da COVID-19 quanto no longo prazo.
“A valorização que damos à pluralidade feminista dificulta discernir entre a diversidade virtuosa e as diferenças e impasses político-ideológicos. É difícil nomear as fraturas quando elas existem. Há um temor ou dificuldade conceitual dos feminismos de se desapegar da categoria ‘mulher’ porque ela é politicamente muito rentável politicamente”, disse Corrêa. Ela convoca-nos a nomear e problematizar as posições manifestadas por grupos ditos feministas que, muito claramente, têm sido funcionais para a direita.