10/11/2010 – Cota de ministras e políticas de gênero, por Bruno Lima Rocha (Globo.com)

10 de novembro, 2010

(Globo.com) Artigo assinado pelo cientista político Bruno Lima Rocha e postado no blog do Noblat comenta o discurso da presidente eleita Dilma Rousseff de reforçar a participação feminina na composição ministerial a partir do recrutamento de mulheres nos partidos do bloco governista.

“É óbvio que o fato de ser mulher por si só não assegura o bom proceder no exercício da função. O senso comum diria que, além do gênero, a pessoa deve ter competência e capacidade de gestão. Como já afirmei em outras ocasiões nesse blog, tal noção traz implícita a idéia do tecnicismo como substituto da política. Neste caso, o raciocínio simplista diria que, ‘sendo uma boa técnica, não importa o gênero da ocupante do primeiro escalão’. São duas balelas que, infinitamente repetidas, transformam-se em factóides de fácil digestão. Tanto é balela a noção de bastar ser mulher e correligionária para ocupar uma função executiva, como é ainda mais absurda a segunda idéia, a tecnicista. Mais uma vez repete-se o problema do pressuposto falso e da premissa neoliberal oculta.”

“A administração privada não é administração pública e governar não é gerenciar. Todo ato de governo é político e isto subordina a tudo, incluindo os limites do possível (ou desejável segundo as alianças) e as margens de manobra dos operadores, sejam homens e mulheres.”

“Conforme já tive a oportunidade de afirmar em outras ocasiões, é uma pena que a discussão de mulheres nas pastas ministeriais não venha acompanhada do debate das bandeiras históricas das lutas de gênero, como os direitos reprodutivos e a conseqüente legalização do aborto; uma política nacional de creches e educação da primeira infância, beneficiando a maior parte da população economicamente ativa (composta em sua maioria por mulheres); a necessária escola de turno integral, com a implantação das atividades para-didáticas, culturais e desportivas no contra turno escolar; e, dentre as medidas mais polêmicas, a necessária regulação das campanhas publicitárias, peças que insistem em caracterizar o corpo da mulher na forma mercadoria, auxiliando a “coisificação” da espécie humana.”

Leia na íntegra: Cota de ministras e políticas de gênero, por Bruno Lima Rocha (Globo.com – 10/11/2010)

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