(O Globo, 13/05/2016) Nadine Gasman comenta ausência de mulheres em Ministério de Temer
A ausência de mulheres e negros na equipe ministerial anunciada pelo presidente interino, Michel Temer, foi alvo de críticas de ativistas de causas sociais e defesa das minorias. Para a representante da ONU Mulheres no Brasil, Nadine Gasman, a democracia só se realiza com participação feminina.
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Como a ONU vê o ministério exclusivamente masculino?
Hoje, o mundo discute a paridade de gênero como um dos objetivos globais que precisam ser alcançados até 2030 por meio do empoderamento político das mulheres. A democracia somente se realiza com a plena participação das mulheres em espaços de liderança e de tomada de decisões.
O fato de não haver mulheres no primeiro escalão pode significar um retrocesso?
Mais de 90 nações, entre elas o Brasil, apoiam a iniciativa global da ONU Mulheres “Por um planeta 50-50: um passo decisivo pela igualdade de gênero”, que tem como objetivo acelerar compromissos e políticas para o empoderamento das mulheres e promover a igualdade de gênero. Há 20 anos, na 4ª Conferência Mundial sobre a Mulher, os Estados-membros da ONU assumiram compromisso com a representação mínima de 30% de mulheres em todos os níveis de poder. Mas pouco se avançou nesse sentido. As mulheres são maioria da população e, ainda, minoria nos espaços de poder e de decisão.
A diversidade no ministério é apenas uma questão simbólica?
Não se trata somente de simbolismo, mas de justiça, inclusão, equidade e mudança na forma de fazer política. Mecanismos específicos para os direitos de mulheres, população negra, juventude e direitos humanos são decisivos para enfrentar desigualdades estruturais que excluem ou inviabilizaram os direitos da população. O Brasil deixa de estar alinhado aos 12 países com mecanismos com mais alto nível hierárquico (ministérios ou com status de ministérios), para alinhar-se aos cinco países onde o mecanismo de políticas para as mulheres depende hierarquicamente de outro ministério.
Acesse no site de origem: Para representante da ONU Mulheres, democracia só se realiza com participação feminina (O Globo, 13/05/2016)