Rede Umunna se organiza para incentivar participação de mulheres negras na política

03 de maio, 2018

Como engajar mulheres negras no debate eleitoral e na política institucional? Foi com essa pergunta em mente que um grupo de mulheres negras se juntou na primeira reunião aberta da Rede Umunnas, para pensar uma rede de incentivo e fortalecimento delas na política, na última quinta-feira (26/04), no Rio de Janeiro.

(Gênero e Número, 03/05/2018 – acesse no site de origem)

No mesmo dia da execução da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco, em 14 de março, nascia a Umunnas, uma rede que conecta mulheres negras que querem discutir política institucional e espaços de poder. Umunna, que significa clã ou irmandade em igbo, língua falada na Nigéria, foi criada por cinco mulheres negras que acreditam que discutir e qualificar o debate político gera mudanças transformadoras.

“Queremos acompanhar a atuação das mulheres negras que estão na disputa da política institucional para identificar as barreiras de elegibilidade de mulheres negras. Vamos criar indicadores sobre as candidaturas de mulheres negras em 2018 para auxiliar numa futura percepção dessas barreiras.” comentou Gabriele Roza, coordenadora da rede e jornalista.

Além de Roza, as coordenadoras são Juliana Marques, graduada em Estatística; Diana Mendes, com formação em Relações Internacionais e Políticas Públicas; Ana Carolina Lourenço, formada em Ciências Sociais e  Lorena Pereira, analista de sistemas. Elas participaram do programa Minas de Dados, iniciativa de Transparência Brasil, Olabi e Data_Labe, em uma imersão de quatro semanas em dados abertos, narrativas e tecnologia para governos. Dessa imersão nasceu a rede, que vai se estruturar ao longo de todo processo eleitoral e em breve vai organizar reuniões em outros Estados.

Mulheres negras decidem

“Se há um dado positivo sobre mulheres negras é a de que somos a maior força eleitoral brasileira”, disse Ana Carolina Lourenço, amparada nos dados que apontam que mulheres negras são 27% da população brasileira. Segundo a cientista social, “em um país com acirramento da violência e genocídio [contra pessoas negras], o tamanho da tropa importa”.

Com base nesse dado foi pensado o principal projeto da rede para 2018, o #MulheresNegrasDecidem. A ideia é criar espaços para mulheres negras debaterem política, produzir conteúdo sobre o tema e incentivar a presença de mulheres negras na política institucional. O projeto se organiza em duas frentes: o engajamento cívico e o acompanhamento de pré-candidatas negras. A primeira é focada em produzir conteúdo sobre mulheres negras para um site a ser lançado nos próximos meses e estimular que elas participem do debate eleitoral. A segunda se concentra no monitoramento e acompanhamento de candidaturas de mulheres negras.

Em março, a Gênero e Número tratou da sub-representatividade de mulheres negras na política mostrando que mulheres que se autodeclaram pretas, como era o caso de Marielle, são menos de 1% nas Câmaras de Vereadores do Brasil. Pretas e pardas somadas são 5% das vereadoras eleitas em 2016.

Vitória Régia da Silva é  jornalista e colaboradora da Gênero e Número.

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