Reino Unido terá a primeira mulher premiê desde Margareth Thatcher

07 de julho, 2016

(El País, 07/07/2016) Theresa May, a veterana e férrea ministra do Interior do Reino Unido, ou Andrea Leadsom, a secretária de Estado que despontou como estrela durante sua campanha a favor do Brexit. Uma delas se tornará a segunda mulher a assumir o posto de primeira-ministra do Reino Unido, depois de Margaret Thatcher. Os três candidatos que restaram se submeteram à segunda votação nesta quinta-feira entre os deputados tories (conservadores), que descartaram Michael Gove. O ministro, que estava no caminho de Boris Johnson rumo à Downing Street, não conseguiu arrancar a segunda posição de Leadsom, cujas chances pareciam mínimas no começo da disputa. Agora, serão os militantes conservadores que escolherão qual das duas mulheres ocupará o posto de David Cameron e assumirá a liderança do país depois da ruptura com a União Europeia (UE).

O processo de escolha do líder no Partido Conservador dá poder aos deputados, um total de 330 no atual mandato, de reduzir o número de candidatos a dois finalistas. Por meio de uma série de votações, os candidatos com menos apoio vão sendo eliminados até restarem dois. Os cinco candidatos enfrentaram a primeira votação na semana passada, e Liam Fox foi eliminado. Mas Stephen Crabb, o quarto da lista, decidiu abandonar a corrida, dispensando uma terceira votação: os deputados escolheram nesta quinta entre os três candidatos restantes, e Michael Gove, o com menos apoio, foi eliminado, deixando o caminho livre às duas finalistas.

Theresa May se impôs com um resultado expressivo. Recebeu 199 votos, contra 84 de Leadsom e 46 de Gove. Agora, os membros do Partido Conservador, um total de 150.000, escolherão qual das duas finalistas assumirá a liderança da legenda e, sem a necessidade de realizar uma nova eleição geral, se tornará a próxima primeira-ministra britânica.

O resultado da votação será conhecido em 9 de setembro. A decisão foi tomada pela entidade gestora do partido, atrasando em uma semana a data proposta inicialmente, provavelmente devido ao desejo de Cameron de participar de sua última cúpula do G-20, que será realizada nos dias 4 e 5 de setembro

na China. Assim, a sucessora de Cameron estará eleita quando o partido realizar seu congresso anual, no início de outubro, data em que Cameron anunciou que deixaria o cargo, depois de sua derrota no referendo europeu.

A vantagem muito clara de May nas votações e o fato de que as duas finalistas foram escolhidas em menos de uma semana levaram alguns deputados a pedir que os prazos sejam encurtados. Acreditam que isso evitaria prolongar a sensação de incerteza política, iniciada após o referendo, que tanto está afetando os mercados.

“Esta votação mostra que o Partido Conservador pode continuar unido e, sob a minha liderança, assim será”, disse May a seus seguidores às portas do Parlamento de Westminster, logo após tomar conhecimento do resultado da votação, a segunda vencida pela ministra do Interior com uma ampla vantagem.

May, de 59 anos, destacou nos últimos dias que a vontade de 51,9% dos eleitores na consulta, que optaram por cortar os laços com Bruxelas, deve ser respeitada e descartou qualquer tentativa para que o Reino Unido continue na UE. May também indicou que, se for eleita primeira-ministra, não acionará, pelo menos até o final deste ano, o artigo 50 do Tratado de Lisboa, que inicia a contagem regressiva de dois anos para o país sair da UE.

Leadsom, ex-diretora no setor bancário, de 53 anos, disse, por sua vez, que notificará Bruxelas oficialmente sobre a intenção de Londres de deixar o bloco comunitário o mais rapidamente possível, caso assuma a liderança do Executivo. A deputada conservadora, que ingressou na Câmara dos Comuns em 2010, fez campanha a favor do Brexit e destacou que um dos seus principais objetivos será conseguir reduzir o número de imigrantes que chegam todos os anos no Reino Unido.

Michael Gove afirmou estar “naturalmente desapontado” por não ter conseguido ficar entre os dois finalistas. Mas descreveu as duas candidatas como “formidáveis”.

Pablo Guimón

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