Entre 2017 e 2021 foram 43 resgates, 31 deles ocorreram no ano passado; especialistas atribuem número ao aumento das denúncias
(Thays Martins/Correio Braziliense) Apenas em julho deste ano, o Brasil teve seis resgates de mulheres sendo submetidas ao trabalho análogo à escravidão doméstico. Apesar de parecer assunto do século retrasado, o país tem visto os números desses casos aumentarem ano após ano. Em 2021, foram 31 pessoas retiradas de situações análogas à escravidão no serviço doméstico, o maior número em um único ano, de acordo com dados da Secretaria de Inspeção do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego. Este ano, alguns casos ganharam destaque na mídia, como o da idosa que passou 32 anos nessas condições, em Minas Gerais, e de outra que foi mantida encarcerada por 72 anos, no Rio de Janeiro. Nunca antes os auditores do trabalho tinham feito um resgate em que a pessoa estivesse há tantos anos sendo submetida a serviços degradantes.
Os números levantados pelo Correio junto a órgãos oficiais demonstram que este é um problema atual e que expõem a fragilidade da profissão de doméstica, a que mais emprega mulheres no Brasil. Especialistas e entidades consultados pela reportagem ressaltam que os casos estão aparecendo, em grande parte, devido ao trabalho da mídia na divulgação deste crime. Desde a repercussão do podcast A Mulher da Casa Abandonada, da Folha de S. Paulo, que fala sobre um casos de 30 anos atrás, o MPT registrou um aumento de 123% nas denúncias desse tipo de violação.