Como o ‘trabalho do cuidado’ em tempo de coronavírus afeta a vida das mulheres

21 de março, 2020

Trabalho ligado a crianças e idosos, empregos informais e atendimento a pacientes infectados deixam as mulheres mais expostas.

(HuffPost Brasil, 21/03/2020 – acesse na íntegra no site de origem)

Na pandemia do novo coronavírus, fatores ligados à divisão do trabalho e cuidados com idosos e crianças fazem com que as mulheres sejam mais afetadas pela crise. No Brasil, elas são maioria entre desempregados e em alguns setores do mercado informal, além de gastarem mais do que o dobro de horas que os homens com funções domésticas. A presença feminina também é majoritária entre profissionais de saúde na linha com pacientes da covid-19.

“A sociedade espera que sejam as mulheres que vão estar à frente do trabalho do cuidado, porque é estabelecido que esse é seu papel de gênero. Pensa-se que ela é que vai ter mais habilidade, mais cuidado. Não se espera de um homem esse papel”, aponta Marilane Teixeira, pesquisadora do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho da Unicamp.

Os números refletem as normas sociais com relação aos papéis de gênero. Se fosse contabilizado e remunerado, esse trabalho agregaria pelo menos US$ 10,8 trilhões à economia mundial todo ano, estima a ONG britânica Oxfam. Cerca de 42% das mulheres no mundo em idade economicamente ativa estão fora do mercado de trabalho porque estão cuidando de alguém. Entre os homens, a fatia é de 6%.

Especificamente no Brasil, as mulheres dedicam 21,3 horas a atividades domésticas, enquanto os homens gastam 10,9 horas com essas atividades, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) referentes a 2018. Dentro desse cenário, o percentual de mulheres (37%) que realizavam cuidado de pessoas também é maior do que o dos homens (26%).

“Se um casal de idosos têm de se confinar em casa [para evitar o contágio pelo coronavírus], quem vai garantir o suprimento é a filha, provavelmente. Não é o filho”, afirma Marilane Teixeira. Pessoas acima de 60 anos fazem parte do grupo de risco da doença.

Por outro lado, também pesa para as mulheres a responsabilidade por cuidar das crianças com a suspensão das aulas, cenário que se agrava quando elas estão no mercado informal.

[…] Acesse esta reportagem na íntegra no site do HuffPost Brasil

Por Andréa Martinelli e Marcella Fernandes

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