(O Globo, 19/05/2016) Taxa ficou em 9,5% para os homens e 12,7% para as mulheres no primeiro tri do ano
Dados da Pnad Regional referentes ao primeiro trimestre de 2016 mostram que o desemprego entre as mulheres é muito superior e cresceu mais do que entre os homens. No Brasil, a taxa ficou em 9,5% para os homens e 12,7% para as mulheres, uma diferença de 3,2 pontos percentuais. A desocupação entre as mulheres supera também a média nacional para o período, que ficou em 10,9% – a maior taxa da série histórica, iniciada em 2012. A maior diferença por gênero está na região Norte, onde a taxa de desemprego feminina é 5,4 pontos percentuais maior do que a masculina. As regiões Sul e Sudeste apresentaram a menor diferença (2,9 pontos maior entre as mulheres).
Enquanto a taxa geral entre as mulheres saltou 3,1 pontos percentuais na passagem de um ano e 1,9 ponto percentual na passagem de trimestre, a dos homens saltou 2,9 pontos percentuais e 1,8 ponto nos períodos respectivos.
Por nível de instrução, a pesquisa mostrou que o desemprego atinge mais quem tem o ensino médio incompleto – a taxa chegou a 20,4%. Para o grupo de pessoas com nível superior incompleto, a taxa foi estimada em 13,3%, mais que o dobro da verificada para aqueles com nível superior completo (5,9%). Esse comportamento se repete entre as grandes regiões.
Por grupos de idade, a maior taxa de desocupação está entre os jovens. O desemprego entre 14 a 17 anos saltou de 28,8% para 37,9%, na passagem do trimestre, e entre os de 18 a 24 anos de 19,4 % para 24,1%, no mesmo período.
Para Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, o aumento expressivo do desemprego entre os jovens e as mulheres reflete a perda do emprego com carteira, principalmente, pelo chefe de família. Com a perda da renda, jovens e esposas que não estavam no mercado acabam se vendo obrigados a buscar uma ocupação para recompor os rendimentos.
O problema, complementa Bruno Ottoni, especialista em mercado de trabalho do Ibre/FGV, é que são dois grupos com pouca qualificação e experiência. Duas características que, num cenário de escassez de vagas, acaba dificultando a sua inserção. Com isso, os dois grupos acabam engrossando a fila do desemprego.
– É uma tradição os indivíduos menos experientes e qualificados terem mais dificuldades de se alocarem no mercado de trabalho. E, nesse momento, há muitos jovens sem experiência e mulheres que estavam sem trabalhar, porque tinham uma posição confortável só com o marido trabalhando nos últimos anos, terem de sair de casa para buscar emprego – analisa o pesquisador.
Daiane Costa
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