Jovens negras somam mais de 70% do trabalho doméstico na faixa dos 16 a 29 anos

14 de agosto, 2025 Nós, Mulheres da Periferia Por Beatriz de Oliveira

Estudo Juventudes Negras traz apontamentos importantes em relação às jovens negras brasileiras nas áreas de trabalho e educação

As jovens negras são as mais afetadas pelo desemprego, concentrando-se nos postos de trabalho mais precarizados e de menor remuneração. É o que revela o estudo Juventudes Negras, feito pelo Em Movimento em parceria com PerifaConnection, UNEafro Brasil e com consultoria técnica da Sankofa Consultoria em Equidade.

Ao reunir dados sociodemográficos de 2010 a 2023, o relatório traz apontamentos importantes em relação às jovens negras brasileiras nas áreas de trabalho e educação. “A pesquisa Juventudes Negras tem como objetivo construir um diagnóstico aprofundado sobre a situação das juventudes negras no Brasil, especialmente diante de problemas históricos que seguem impactando essa população, como o racismo estrutural e as múltiplas formas de discriminação social”, afirma Iasmim Vieira, coordenadora de projetos do Em Movimento.

“As principais causas de evasão escolar entre meninas negras estão relacionadas à gravidez na adolescência, à sobrecarga com tarefas domésticas e ao cuidado de familiares”, pontua Iasmim.

Sobre isso, a pesquisa indica que 10,7% dos jovens estão fora da escola por terem que cuidar de afazeres domésticos ou de pessoas dependentes, o que representa 0,6% para homens brancos, 0,5% para homens negros, 18,6% para mulheres brancas e 24,5% para mulheres negras. Além disso, em 2022, 10,4% das jovens negras estavam fora da escola por motivo de gravidez; para as brancas, o percentual foi de 9,9%.

Em relação ao mercado de trabalho, as mulheres negras compõem o grupo mais afetado pelo desemprego, representando 35,8% do total de pessoas entre 19 e 29 anos desocupadas no ano de 2022.

Olhando para o cenário das pessoas empregadas, a desigualdade permanece. Em 2022, o Brasil tinha 318.189 jovens de 16 a 29 anos em cargos gerenciais, sendo 30,8% homens brancos, 29,44% mulheres brancas, 23,9% homens negros e apenas 15,8% mulheres negras.

A pesquisa aponta que jovens brancas são mais que o dobro de mulheres negras nos trabalhos de escritórios. Já no trabalho doméstico, as jovens negras configuram a maioria, somando 73,9% na faixa etária de 16 a 29 anos.

“A pirâmide do mercado de trabalho segue uma lógica de desigualdade estrutural: no topo estão os homens brancos, seguidos por mulheres brancas, homens negros e, por último, as mulheres negras. Essa configuração escancara as barreiras enfrentadas por jovens negras na conquista de autonomia econômica e bem-viver”, afirma Iasmim.

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