(O Globo, 16/06/2015) Disparidade salarial entre homens e mulheres voltou a aumentar no país
A disparidade salarial entre mulheres e homens segue como uma realidade distante do fim no Brasil: elas receberam, em média, o equivalente a 79,5% dos salários dos representantes do sexo masculino em 2013, na comparação com 2012, segundo o Cadastro Central de Empresas (Cempre). A diferença, que havia recuado no período anterior, foi divulgada em levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta terça-feira.
Em termos salariais, em 2013, os homens receberam, em média, R$ 2.334,46 e as mulheres, R$ 1.855,37. Assim, eles ganham 25,8% a mais que elas. Entre 2011 e 2012, esse número havia recuado de de 25,7% para 25,3%.
A professora do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Lena Lavinas destaca que, diante da diferença mínima entre os números citados acima, esta situação representa um quadro de estagnação. Tal realidade, segundo ela, é observada, inclusive, em outros países:
– Na França, por exemplo, as simetrias salariais entre homens e mulheres estão estgnadas há cerca de 50 anos. O que se vê é que, alcançado um certo patamar de desigualdade salarial, isso se mantem. Então, a gente nao vê variação nem para mais nem para menos. As desigualdades tendem a se manter nesse quadro, com elas ganhando cerca de 25% menos que eles.
Como destaca Lena, tal configuração só será alterada através de iniciativas rigorosas a cerca da questão.
– Se não houver políticas realmente voltadas à superação deste hiato, esse perfil de desigualdade vai se manter – afirma.
O Cempre reúne informações cadastrais e econômicas de empresas e outras organizações (administração pública, entidades sem fins lucrativos, pessoas físicas e instituições extraterritoriais) formalmente constituídas. O cadastro reunia, em 2013, 5,4 milhões de empresas e outras organizações ativas, que ocupavam 55,2 milhões de pessoas, sendo 47,9 milhões (86,8%) assalariados e 7,3 milhões (13,2%) como sócios ou proprietários. Não entram na conta profissionais liberais e trabalhadores informais, por exemplo.
No que diz respeito a aumento salarial, elas também saíram perdendo. Os salários médios mensais apresentaram aumento real de 3,7%, sendo que as mulheres tiveram elevação de 3,5%, enquanto os homens, 3,9%.
O levantamento, por outro lado, mostrou que as mulheres avançaram em termos de participação no quadro geral de trabalhadores em quatro anos. Em 2013, no âmbito empresarial, 57% do pessoal ocupado assalariado eram homens e 43%, mulheres. A participação feminina cresceu 2,6% em relação a 2009, quando era de 41,9%. De 2012 para 2013, o aumento do número de mulheres (4,2%) foi superior ao de homens (3,1%).
A pesquisa também constatou que a participação feminina foi maior na administração pública (58,9%) e nas entidades sem fins lucrativos (55,1%), enquanto nas entidades empresariais a maior parte dos assalariados eram homens (62,3%).
Eduardo Vanini
Acesse o PDF: Mulheres receberam 79,5% do salário dos homens em 2013, segundo pesquisa do IBGE (O Globo, 16/06/2015)