Na cidade, brancas recebem 84% do salário do trabalhador branco; latinas, só 46%
O Conselho da cidade de Nova York aprovou nesta quarta-feira uma medida que vai proibir empresas de perguntar a candidatos a vagas quanto eles receberam em suas ocupações anteriores, uma prática que alguns dizem impedir que mulheres ganhem tanto quanto homens.
(O Globo, 05/04/2017 – acesse no site de origem)
— Essa lei será um avanço na abordagem à disparidade de salários que mulheres, e particularmente as mulheres negras, enfrentam — diz a defensora pública de Nova York, Letitia James, que apoiou a medida.
Em Nova York, mulheres brancas ganham, em média, 84% do salário de um homem branco, enquanto as asiáticas recebem 63%, as negras, 55%, e as hispânicas, 46%, segundo um relatório de Letitia baseado em dados do Censo dos EUA.
Perguntar sobre remuneração em uma entrevista de emprego prejudica mulheres que podem começar em um nível inferior ao de candidatos do sexo masculino — um efeito que vai se acumulando ao longo do tempo.
— Isso perpetua a discriminação — afirma Letitia. — E tem um efeito na aposentadoria delas também.
PREOCUPAÇÃO COM TRUMP
Medidas similares já foram adotadas em Massachusetts, Califórnia e outros estados e municípios, em meio a crescentes temores de que o governo do presidente Donald Trump não vá fazer nada para tornar a igualdade de salários uma prioridade.
No ano passado, o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, proibiu que agências da cidade perguntassem sobre o histórico de salários, e ele deve sancionar a nova lei também. Empregadores terão 180 para se adequar às novas regras, e trabalhadores poderão registrar queixas à cidade, e as empresas que desrespeitarem a norma podem ser multadas.
Mesmo após ajustes por fatores como experiência, educação, cargo e geografia, as mulheres ainda ganham 5,6% menos do que os homens nos EUA, segundo Dawn Lyon, chefe de pagamento igualitário no site de busca de empregos Glassdoor.
Em uma reação relacionada, o titular da controladoria da cidade, Scott Stringer, que supervisiona o fundo de pensão de Nova York, anunciou que seis seguradoras e empresas de saúde concordaram em divulgar “informação significativa” sobre como elas lidam com a equidade de salários.