Atualmente, mulheres detêm 18% dos títulos de graduação em Ciências da Computação e são apenas 25% da força de trabalho da indústria digital no mundo. Questões foram apontadas no evento “Por um Planeta 50-50 em 2030: Mulheres e meninas na Ciência e Tecnologia” para celebrar ao Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência, comemorado em 11 de fevereiro
(ONU Mulheres, 15/02/2018 – acesse no site de origem)
Confira aqui a íntegra do evento
A ONU Mulheres, a Unesco e a Serasa Experian promoveram, em 5 de fevereiro, o encontro “Por um Planeta 50-50 em 2030: Mulheres e Meninas na Ciência & Tecnologia”. Na abertura do evento, a ONU Mulheres frisou o potencial pouco aproveitado de meninas e mulheres nas exatas e os efeitos futuros para o mundo do trabalho em mudança. “74% das meninas têm interesse em ciência, tecnologia, engenharia e matemática. Mas o fato é que apenas 30% das pesquisadoras do mundo são mulheres. Em termos de crescimento econômico, 144 países em desenvolvimento aumentarão o PIB em 8 trilhões, se 600 milhões de mulheres e meninas tiverem acesso às áreas de ciência, tecnologia e inovação”, disse Adriana Carvalho, gerente dos Princípios de Empoderamento Econômico da ONU Mulheres Brasil.
No ano passado, a ONU Mulheres fez o alerta global de que as mulheres estão fora dos principais postos de trabalho gerados pela revolução digital. Elas têm somente 18% dos títulos de graduação em Ciências da Computação e são, atualmente, apenas 25% da força de trabalho da indústria digital.
“O mercado de trabalho está mudando rapidamente e uma nova onda de inovações deve transformar vidas, em especial nas áreas de ciências, tecnologia e exatas. Empregos que não existem hoje serão comuns daqui a 20 anos. Isso significa que a força de trabalho futura terá que desenvolver e alinhar suas habilidades para corresponder a essas necessidades do mercado de trabalho. Isso também significa que temos uma oportunidade concreta para a mudança”, acrescentou Adriana.
Em sua apresentação Manzar Feres, vice-presidenta de Vendas e Marketing da Serasa Experian, elencou compromissos da empresa com a diversidade, que incluem dar o exemplo na representação da sociedade e não limitar os talentos com base em identidade racial, gênero ou acessibilidade.
Feres ilustrou alguns avanços percebidos na empresa, incluindo a adesão aos Princípios de Empoderamento das Mulheres, da ONU Mulheres e do Pacto Global. Com 50% de mulheres, no último ano, a Serasa Experian teve aumento de 14% na contratação de mulheres, 12,5% de promoções e 8% de aproveitamento das ofertas de promoções. Contudo, apontou que a presença de mulheres em tecnologia da informação (TI) alcança 23%. “A área de marketing, comunicação e recursos humanos puxam os dados para cima. Mas TI puxa para baixo. Essa é uma realidade da área de tecnologia. Ao olhar número internacionais, percebemos que essa situação vem piorando”, compartilhou Manzar Feres.
O evento aconteceu em alusão ao Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência, comemorado em 11 de fevereiro. Neste ano, o tema da data é: “Igualdade e Paridade na Ciência pela Paz e o Desenvolvimento” em referência à Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável.
O tema foi desenvolvido por Fábio Eon Soares, coordenador dos setores de Ciências Naturais e Ciências Humanas e Sociais da Unesco. Em sua palestra, ele deu exemplos de mulheres que contribuíram e contribuem para a área de ciências, matemática, tecnologia, muitas das quais foram invisibilizadas na história. Fábio falou, ainda, da necessidade de promover o tema para aproveitar todo o potencial das mulheres: “O mundo precisa de engenheiras, o mundo precisa de mulheres na ciência, pois não dá pra jogar com o time pela metade”.
Palestras no formato “Talk” foram feitas por profissionais de Ciência, Tecnologia e Exatas das empresas Accenture, CA Tecnologia, Dow Brasil SA, IBM, Itaipu Binacional, Laboratória, Microsoft, SAP, Schneider e White Martins. Dentre as palestrantes, Elaine Matos, gerente de Produtos para a América Latina e Líder da African American Network (AAN) da Dow Brasil, salientou que ela mesma representa um case de diversidade na empresa em que trabalha, no mercado e na sociedade em face da baixa presença de mulheres negras em STEM (Ciência, Tecnologia e Exatas). Para Elaine Matos, é preciso criar mais oportunidades para o fortalecimento de mulheres negras nas áreas de Ciência e Tecnologia.
A igualdade racial também foi abordada nas palestras da gerente de Projetos do Laboratório de Pesquisas de Inovação da IBM, Flavia Roberta Silva, e da gerente de Produto e Líder da Rede de Mulheres da SAP, Sueli Nascimento. As duas são mulheres negras e contaram como superaram as barreiras sociais e raciais para consolidar suas carreiras nas áreas de ciência e tecnologia.
Além de compartilhar histórias inspiradoras sobre o caminho que percorreram para se consolidar nessas áreas, as palestrantes apresentaram alguns projetos promovidos por suas empresas com o objetivo de empoderar mulheres e meninas em ciência e tecnologia. Dentre esses projetos, estão o Digital NeWomen – um programa para formar Mulheres Líderes em Tecnologias Digitais, da Accenture; e o Women at Microsoft, que estimula a participação de mulheres e meninas em STEM (Ciência, Tecnologia e Exatas).
A Maurício de Sousa Produções, parceira da ONU Mulheres no projeto “Donas da Rua”, fez uma exibição de painéis, na área externa do evento, com personagens que homenageiam mulheres cientistas. A proposta da empresa é usar da representatividade para inspirar meninas a seguirem carreiras nessas áreas.
O evento foi gravado na íntegra e todas as palestras e talks podem ser conferidas pelo seguinte link: https://viz-wcs.voxeldigital.com.br/?CodTransmissao=652026