- Pesquisa mostra que 48% relatam problemas para custear medicamentos e exames
- Entre as que têm trabalho formal, 53% citam falta de apoio do empregador
Quase metade das mulheres com câncer de mama relata enfrentar dificuldades financeiras durante o tratamento, segundo pesquisa Datafolha encomendada pela Astrazeneca e divulgada nesta segunda-feira (27). Entre os principais obstáculos estão o pagamento de medicamentos e exames, transporte, alimentação e moradia e o acesso a benefícios previdenciários.
De acordo com o levantamento, 48% das pacientes relataram problemas para custear medicamentos e exames e para acessar benefícios previdenciários, e 45% tiveram dificuldade em arcar com despesas de transporte para o tratamento. Obstáculos para manter uma alimentação adequada e pagar moradia foram citados por 42%.
O levantamento, realizado entre 22 de setembro e 10 de outubro, ouviu 241 pacientes com diagnóstico de câncer de mama em todo o país.
Entre as que estavam empregadas formalmente (52%) quando receberam a notícia da doença, 53% relataram falta de apoio do empregador, seja na flexibilização de horários, na revisão de metas ou na redução de cobranças.
Para Luciana Holtz, fundadora e presidente do Instituto Oncoguia, os dados da pesquisa confirmam um problema recorrente entre as mulheres com câncer de mama: a chamada “toxicidade financeira” da doença. “Esses custos surgem do nada e impactam profundamente a vida da mulher. Muitas vezes ela não está amparada pelo trabalho, pela família ou por um sistema de saúde que garanta o que precisa naquele momento”, afirma.
A dificuldade de manter o emprego durante o tratamento é, segundo ela, um dos principais fatores que agravam o desequilíbrio financeiro. Perder o trabalho ou precisar do auxílio-doença pode comprometer a renda de toda a família. Mesmo entre pacientes que têm convênio médico há gastos adicionais com medicamentos para náusea, dor e exames genéticos, por exemplo, que nem sempre são cobertos pelos planos de saúde.
O levantamento também revelou falta de apoio social: 3 em cada 10 pacientes disseram que, em algum momento, faltou alguém para levá-las ou buscá-las em consultas, oferecer suporte durante internações ou cirurgias; 1 em cada 4 afirmou sentir falta de acompanhante durante sessões de tratamento ou em exames importantes.