Não tenho dúvidas de que a atual crise é uma crise do cuidado. E são as mulheres, em geral as mais pobres e negras, que cuidam
(AzMina, 18/03/2020 – acesse na íntegra no site de origem)
[…] Não tenho dúvidas de que a crise atual é uma crise do cuidado. Uma oportunidade de olhar para quem cuida do quê, de quem e em que condições. O que nós, pesquisadoras do cuidado, chamamos de feminização do cuidado: são as mulheres, em geral as mais pobres e negras, que cuidam.
Mulheres que estão sobrecarregadas com o cuidado do dia a dia são também as que não terão com quem deixar seus filhos, a não ser expondo as mulheres idosas de sua rede de apoio.
Mulheres dedicam em média 18,5 horas semanais para os afazeres domésticos e cuidados de pessoas, bem mais do que os homens (10,3 horas), sem considerar suas atividades remuneradas no mercado de trabalho, segundo pesquisa do IBGE.
“Mulheres e meninas, principalmente as que vivem em situação de pobreza e pertencem a grupos marginalizados, dedicam gratuitamente 12,5 bilhões de horas todos os dias ao trabalho de cuidado e outras incontáveis horas recebendo uma baixíssima remuneração por essa atividade”, segundo relatório recentemente divulgado pela Oxfam, intitulado Tempo de Cuidar: o trabalho de cuidado não remunerado e mal pago e a crise global da desigualdade, lançado no Fórum Econômico Mundial. […]