Vacina contra o vírus varicela-zóster reduz em 20% risco de demência em mulheres, diz estudo

07 de abril, 2025 g1 Por Alexander Freund

Pessoas acima de 50 anos ou com saúde fragilizada são mais suscetíveis à doença da herpes-zóster, também conhecida como cobreiro. Um estudo aponta que os benefícios do imunizante vão além da proteção contra o vírus.

Há muito tempo cientistas desconfiavam que a herpes-zóster e a demência pudessem estar relacionadas. Agora, um estudo britânico publicado na revista Nature traz evidências bastante convincentes disso, ao apontar que a vacina contra o vírus varicela-zóster (VVZ) protege principalmente mulheres da demência.

“A análise apresentada é o melhor trabalho publicado até agora sobre a relação entre uma infecção viral e o aumento do risco de demência”, avalia Martin Korte, neurobiólogo e professor decano da Faculdade de Ciências da Vida da Universidade Técnica de Braunschweig que não participou do estudo.

Segundo ele, a pesquisa “fornece uma evidência convincente de que a vacinação contra herpes-zóster não apenas protege contra uma doença muito dolorosa, mas também reduz significativamente o risco de demência”.

As conclusões dos cientistas se baseiam no acompanhamento, ao longo de sete anos, de dois grupos no País de Gales. Segundo eles, a vacinação de pessoas acima de 80 anos provavelmente explica a queda nos diagnósticos de demência. Nas mulheres imunizadas, o risco de desenvolver demência foi 20% menor. Nos homens, não foi constatado nenhum efeito significativo.

Mas o estudo monitorou um único imunizante: o Zostavax, feito com uma versão ativa, mas enfraquecida e em pequena quantidade, do vírus.

Só que a Zostavax tem menor eficácia, segundo um estudo americano, e por isso hoje a maior parte das pessoas são vacinadas com o Shingrix, um imunizante que não contém o vírus ativo em sua composição.

O que é o vírus varicela-zóster?

O vírus varicela-zóster pertence ao grupo dos vírus da herpes, que cientistas associam à demência. O agente infeccioso é o mesmo que também provoca a catapora (varicela), uma doença mais comum entre crianças, e que provoca febre e erupções cutâneas que coçam bastante.

Quando o corpo humano se cura da catapora, os vírus restantes se refugiam nas células nervosas da medula. Ali, eles permanecem em estado inativo, mas podem “despertar” e se multiplicar anos depois, quando o sistema imunológico estiver enfraquecido. E é aí que surge a doença da herpes-zóster, também conhecida como cobreiro.

Quais são os sintomas da herpes-zóster?

Os primeiros sintomas da herpes-zóster são mal-estar e febre. Posteriormente, surgem inflamações nos nervos, com prurido e fortes dores.

As erupções cutâneas características da doença podem se manifestar em qualquer lugar do corpo, mas geralmente aparecem no tórax. Outras áreas mais comumente afetadas são pescoço, braços, pernas, rosto, olhos e orelhas.

Muitas vezes, as lesões avermelhadas aparecem próximo à coluna vertebral e se espalham na horizontal, em direção à barriga, dando lugar a bolhinhas doloridas que coçam e se enchem de líquido, e que desaparecem cerca de cinco dias depois. A dor, contudo, pode persistir por mais dias.

Por que a vacina contra a herpes-zóster age diferente em mulheres?

O estudo fornece evidências de que a vacinação contra a herpes-zóster protege contra o desenvolvimento ou o surgimento da demência. No entanto, ainda não está claro como exatamente essa proteção funciona.

Outra pergunta que a ciência ainda precisa responder é por que o impacto da vacinação contra herpes-zóster no risco de demência difere tanto entre mulheres e homens.

“As mulheres têm maior propensão à demência e apresentam uma resposta mais intensa por meio de mecanismos autoimunes. Dois terços das doenças autoimunes afetam mulheres”, explica Korte.
“O estudo pode até estar apontando para esse mecanismo: processos neuroinflamatórios desencadeados por processos autoimunes seriam possivelmente reduzidos pela vacinação, o que protege principalmente as mulheres.”

Neuroinflamação significa que o cérebro está inflamado porque o sistema imunológico, que normalmente protege o organismo, começa a atacar o próprio cérebro ou tecidos, em vez de combater apenas agentes externos como bactérias ou vírus.

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